O Dia Internacional das Pessoas Idosas foi assinalado no passado dia 1 de outubro, uma iniciativa das Nações Unidas que começou há 25 anos. as pessoas vivem mais tempo, mas essa longevidade deverá ser acompanhada e mais protegida
O Dia Internacional das Pessoas Idosas foi assinalado no passado dia 1 de outubro, uma iniciativa das Nações Unidas que começou há 25 anos. as pessoas vivem mais tempo, mas essa longevidade deverá ser acompanhada e mais protegidaMarta Melo antunes, presidente mundial do Movimento Cristão de Reformados (MCR), em entrevista à Ecclesia, afirmou: É muito relevante o papel dos idosos na família. Os idosos são muito importantes na família como elementos agregadores e como transmissores de valores. Efetivamente assim é! Mas nem todos reconhecem esta realidade, independentemente da ideologia que possam professar, ou não. Por isso a presidente do MCR insiste que os idosos têm de saber lutar pelo lugar que lhe compete.como com qualquer minoria, as coisas não aparecem; teremos de ser nós a lutar e a criar as condições para que possam acontecer. a presidente do MCR conclui que os idosos não são um peso na sociedade e têm de ocupar o seu lugar como qualquer outro grupo etário. Elarefere-se concretamente ao papel do idoso perante a sociedade, mas não deveria ser assim. a sociedade e as instituições é que deveriam acarinhar e proteger os mais velhos e não ser necessário que estes reivindiquem esse direito.

a propósito do dia mundial do idoso a Organização Internacional do Trabalho (OIT) publicou segunda-feira passada o estudo Proteção continuada a idosos: uma revisão de défice de cobertura em 46 países, onde se diz que Portugal é dos países da Europa onde as pessoas idosas são mais abandonadas, com menos profissionais a elas dedicados e menos dinheiro alocado.
Os números indicam que, a seguir a Portugal, surgem a França e a Eslováquia, onde 73,5% dos idosos não tem apoios de qualidade; seguem-se a Irlanda (56. 6), a República Checa (49. 4) e a alemanha (22. 9). Os países onde há mais apoio são a Estónia, o Luxemburgo, a Noruega, a Suécia e a Suíça, cuja taxa de cobertura é de 100 por cento.

a falta de proteção em Portugal também se pode avaliar pela percentagem do PIB (Produto Interno Bruto) para os cuidados com os idosos. O nosso país tem das mais altas percentagens de idosos do mundo e aplica 0. 1 do PIB, o valor mais baixo dos países europeus representados, seguindo-se a Estónia com 0. 2, a República Checa com 0. 3, e a Espanha com 0. 5. Do outro lado estão a Holanda e a Dinamarca, que dedicam 2. 3 e 2. 2 do PIB à proteção dos idosos. Encontramos em todas as regiões países onde entre 75 e 100 por cento da população está excluída do acesso devido a falta de recursos financeiros, diz o estudo, colocando Portugal, a par do Gana, do Chile, da austrália ou da Eslováquia, nesse grupo.

O estudo da OIT (que engloba 80 por cento da população com mais de 65 anos) salienta que mais de metade dos idosos do mundo não tem acesso a cuidados continuados de qualidade. Em África, salienta, mais de 90 por cento dos idosos não tem apoios. Este documento acrescenta ainda que há uma falta absoluta de cobertura de cuidados de longa duração na maioria dos sistemas de segurança social; e que só 5,6 por cento da população mundial vive em países que oferecem uma cobertura universal de cuidados de longa duração. Refere também que quase metade de idosos do mundo não está protegida por lei em matéria de apoios continuados, e que os países mais generosos são os da Europa, ainda que no máximo dediquem 0,2 por cento do PIB aos cuidados de longa duração de qualidade a idosos.

Olhando para este estudo da OIT e recordando que as últimas previsões da União Europeia apontam para um envelhecimento acelerado da população portuguesa, não será de estranhar que os especialistas na matéria afirmem que este será o maior problema social e económico do nosso país nas próximas décadas. Os portugueses com mais de 65 anos rondam atualmente os 20% da população, um dos números mais elevados no Continente europeu. Em 2060 chegará aos 35%. Se nada mudar, seremos nessa altura o país mais envelhecido da Europa com 1,3 milhões de pessoas a terem mais de 80 anos (um em cada seis portugueses).
Tendo ainda em conta que os estímulos à natalidade (a curto ou médio prazo), se funcionarem, não vão atenuar o problema, é preciso apostar em algo que não tem sido feito: o envelhecimento ativo. E para que tal aconteça vai ser necessário mudar mentalidades, permitindo ao idoso que queira continuar a trabalhar a possibilidade de o poder fazer (desde que tenha condições físicas e mentais para tal). O idoso não tem que constituir um peso social negativo. Pelo contrário, pode e deve ser um ativo importante a considerar e estimular, assim as instituições, empresas e Governo lhe façam essa justiça.