Se Cristo vivesse hoje entre nós, certamente a sua página do Facebook ou Instagram teria milhões e milhões de seguidores e seriam muito mais milhões os «likes» que diariamente seriam lá colocados
Se Cristo vivesse hoje entre nós, certamente a sua página do Facebook ou Instagram teria milhões e milhões de seguidores e seriam muito mais milhões os «likes» que diariamente seriam lá colocadosUma das palavras que mais tem andado em voga nestes últimos tempos, no contexto eclesial, é a palavra alegria. Certamente todos ou quase todos a associamos à encíclica do Papa Francisco a alegria do Evangelho, dado o impacto que teve e continua a ter. Todos procuramos alcançar uma vida alegre e feliz, uma vida vivida com sentido e intensidade, com paixão e muita partilha. Para tal, procuramos todos modelos que nos inspirem e motivem, mesmo no mundo das chamadas novas tecnologias. Se Cristo vivesse hoje entre nós, certamente a sua página do Facebook ou Instagram teria milhões e milhões de seguidores e seriam muito mais milhões os likes que diariamente seriam lá colocados. Geralmente não pensamos nisso, mas certamente Jesus era um homem alegre e bem-disposto, com uma atitude muito positiva perante a vida. Certo, por vezes os seus discursos eram duros e até mesmo chocantes, mas sempre centrados na defesa e promoção da dignidade, valor e beleza de cada pessoa que Ele encontrava. E destes encontros brotava uma imensa e profunda alegria no coração de quem por Ele era abençoado, perdoado, abraçado ou desafiado a um amor mais intenso, humilde e profundo. Também eu tenho modelos de alegria e paixão pela vida, por Deus e pelo próximo, pessoas que me inspiram a dar sempre o melhor de mim. Entre eles está um homem simples, humilde, bom e sempre alegre, que consegue com um acordeão ou um sorriso cativar os outros e partilhar com eles a alegria que lhe é característica. Chama-se João alfaiate, é missionário da Consolata e vive a sua consagração a Deus como irmão. Tem 81 anos, 38 dos quais dedicados ao Quénia, onde deixou muito de si, em especial a alegria que espalhou por muitas crianças abandonadas que esperavam ao domingo para o ouvirem tocar e com ele brincar. E temos também benfeitores coreanos que o recordam com saudade e carinho: em 2007 organizámos uma peregrinação espiritual a Espanha com 35 benfeitores, com passagem por Lourdes e Fátima. Um dia, entra ele com o acordeão na sala de jantar e mal começou a tocar, levantaram-se várias senhoras que começaram a dançar, contagiando outros que resistiam a dar um pé de dança. Esta foi não só uma prova de que a música é uma linguagem universal, como um exemplo de que a alegria é contagiante quando se tem um espírito dócil e profundamente humano. Sempre que o encontro, cada vez que vou a Fátima por motivos de trabalho, sinto uma paz interior bastante grande e uma alegria imensa por ser missionário e por ter entre os meus irmãos este homem de Deus, de sorriso cativante e espírito jovem e alegre. Falar com ele, do que viveu lá pelas áfricas e sentir a paixão com que se dedica aos outros através da música ou de serviços simples é um prazer enorme. Não tem Facebook, mas nem dele precisa, porque quem o encontra face-to-face(cara-a-cara) imediatamente põe um like nele. Por isso dizia eu que Jesus terá sido certamente um homem alegre e de fácil convívio, porque a sua vida, a sua missão, o seu Evangelho, são fonte de alegria para quem se deixa cativar por Ele. É triste encontrar por vezes missionários, consagrados e outros cristãos que pouca alegria transmitem no seu atuar quotidiano ou até mesmo nas Eucaristias, dando a entender que seguir a Cristo parece ser um fardo. Claro, a vida não é sempre um mar de rosas e mesmo elas têm espinhos: por isso é que pessoas como o irmão João alfaiate nos ensinam muito sobre a vida, sobre a nossa condição humana e a maneira como devemos estar em sociedade. Fazem-no não com muitas palavras, mas com uma presença ativa e alegre, alegrando quem tem a felicidade de os encontrar. Todos temos uma vocação particular na vida: a de sermos felizes fazendo felizes os outros à nossa volta. Uma forma de viver esta vocação é a entrega total e radical a Deus e à humanidade através da missão que Cristo entrega a quem decide segui-Lo mais de perto. Talvez tu, jovem amigo, sintas este chamamento e se o sentires, deixa-te ao menos desafiar pela alegria que brota do dar a vida pela missão que Cristo iniciou há 2000 anos atrás, Por outras palavras, vem e vê.