Bispo Manuel Linda realçou a constante recusa do homem em aceitar o plano de Deus para o mundo e apelou a uma mudança de consciências no tratamento e apoio aos migrantes que continuam a morrer no Mediterrâneo
Bispo Manuel Linda realçou a constante recusa do homem em aceitar o plano de Deus para o mundo e apelou a uma mudança de consciências no tratamento e apoio aos migrantes que continuam a morrer no Mediterrâneo Os judeus antigos tinham consciência clara que viviam numa terra que não lhes pertencia, que era propriedade de Deus cedida gratuitamente ao povo. Por isso, sentia-se também ele como perenemente estrangeiro e, consequentemente, com o coração mais desperto para amar o migrante. É desta consciência que, hoje, o nosso mundo necessita, afirmou esta quinta-feira, 13 de agosto, o presidente da peregrinação a Fátima do Migrante e do Refugiado, o bispo Manuel Linda. Na homilia, a que assistiram mais de 60 mil pessoas, na sua maioria emigrantes, o prelado criticou a situação que se viveatualmentenomar Mediterrâneo, onde já morreram mais de 2. 000 migrantes só este ano, e pediu às instâncias internacionais, em especial à União Europeia, que deixem de invocar a falta de recursos para impedir a entrada dos que fogem à guerra, à fome, e à perseguição religiosa. Chega de muros de cimento armado e de mentalidades que se isolam e se fecham ao exterior. Basta de cimeiras para descortinar formas de impedir que os povos da fome se aproximem da nossa casa, apenas para apanharem as migalhas que caem da nossa mesa. Não mais o travar caminho aos que fogem à carnificina horrorosa e bárbara dos que matam em nome de uma fé. Deixe-se de invocar a falta de recursos por parte da União Europeia – ela que até os esbanja emaçõesnão muito éticas – para se continuar a fazer do Mediterrâneo a vala comum onde se sepultam os transportados nas obsoletas carretas funerárias, sublinhou Manuel Linda. Embora reconhecendo que a questão não é de fácil resolução, nem passa por se abrirem as fronteiras de forma indiscriminada, o bispo considera haver o direito de exigir aos políticos do mundo soluções sérias e sustentáveis mas defende, ao mesmo tempo, que se trabalhe para criar e difundir uma nova mentalidade: a do talprojetouniversal de Deus que sehá desobrepor aos regionalismos e às barreiras humanas.