Primeiro foi a Bulgária a erguer muros na sua fronteira com a Sérvia. Depois a Hungria ao longo da fronteira com a Turquia. agora o Reino Unido está «em pé de guerra» a fazer uma nova vedação em Calais, na entrada do Canal da Mancha
Primeiro foi a Bulgária a erguer muros na sua fronteira com a Sérvia. Depois a Hungria ao longo da fronteira com a Turquia. agora o Reino Unido está «em pé de guerra» a fazer uma nova vedação em Calais, na entrada do Canal da Mancha a imigração é um drama. É-o sobretudo para aqueles que têm de deixar as suas terras pela falta de condições económicas, pela guerra ou outros motivos. Mas os países de chegada dos imigrantes também não os querem receber, alegando que já tem problemas suficientes. Neste caso estamos a falar da imigração clandestina, pois são pessoas, na sua maior parte, sem recursos e que a ela recorrem. Mas a verdade é que a imigração legal também é muito dificultada.
Sabemos que cada país tem as suas razões, mas nos casos da Bulgária e da Hungria, independentemente dos seus interesses, convém referir que a sua rejeição afeta sobretudo pessoas que fogem da guerra, possivelmente aquelas que mais necessitam, dado a eminência da perda da própria vida. Um e outro país, ambos membros da União Europeia, deveriam ser mais sensíveis à dor dos seus vizinhos. Porém, diante da necessidade alheia eles respondem com a construção de muros fronteiriços para impedir a entrada.

No caso concreto do Reino Unido, um país muito apelativo para os imigrantes graças à sua situação económica, o assunto é mais grave dado que envolve também a França. Mais ainda! Está em causa ainda a segurança rodoviária de pessoas e bens. assim os governos de ambos os países vão reforçar Calais com polícias e elementos de forças de segurança. O objetivo é anular os trabalhos de vários gangues criminosos responsáveis pelo tráfico de pessoas e migrantes para a região. até quarta-feira passada, pelo menos 3. 200 pessoas tentaram fazer a travessia ilegal do túnel do Canal da Mancha, com 50,5 quilómetros de extensão, entre a França e a Inglaterra.
O Reino Unido vai financiar, com cerca de 9,9 milhões de euros, um reforço de segurança na entrada do túnel do Canal da Mancha em Coquelles, norte de França. O investimento incluirá a construção de uma nova vedação, com cerca de 1,6 quilómetros de extensão, segundo confirmou Theresa May, ministro do Interior britânica. Os trabalhos já começaram e estão previstos terminarem no final da semana. a ministra britânica, contudo, nada referiu quanto aos milhares de pessoas que estão concentradas em campos de refugiados em Calais.

a posição do primeiro-ministro britânico em relação aos imigrantes é de preocupação. Todavia a forma como se referiu à onda de migração que tenta chegar ao Reino Unido não é digna do cargo que ocupa, pois definiu esta situação como uma praga de pessoas que atravessam o Mediterrâneo, em busca de uma vida melhor. as palavras proferidas numa entrevista à cadeia ITV no Vietname, onde está em visita oficial, caíram mal e David Cameron está a ser duramente criticado dentro e fora do país. Na entrevista à televisão vietnamita, David Cameron advertiu que estes imigrantes ilegais serão expulsos do Reino Unido e que o país não se pode tornar num refúgio para os migrantes que chegam a Calais.

a proximidade com o Reino Unido atrai anualmente para a localidade francesa de Calais muitos imigrantes que tentam atravessar de forma ilegal o Eurotúnel e chegar a território britânico. Desde o início de junho, oito migrantes perderam a vida ao tentar entrar clandestinamente no túnel. Segundo os últimos dados oficiais – divulgados no início de julho -, cerca de três mil migrantes, a grande maioria oriundos de países como a Etiópia, Eritreia, Sudão ou afeganistão, estão acampados na zona de Calais para tentar atravessar o túnel sob o canal da Mancha. Pela descrição da proveniência de grande parte destes imigrantes pode aferir-se que também estes fogem da guerra, e de todas as suas consequências nefastas, procurando melhores condições de sobrevivência.

Para o caso de Itália, com milhares de imigrantes a entrar continuadamente e que está a deixar as autoridades à beira de um ataque de nervos já foi encontrada uma solução para o futuro. a União Europeia está a criar cotas para os dividir pelos restantes países europeus. Portugal também os vai receber. Pelo que acima descrevemos será fácil deduzir que os exemplos da Bulgária, Hungria e agora do Reino Unido, embora este mais complexo, não são exemplos de solidariedade a seguir, pelo contrário são merecedores de severas críticas. Bastará atentar na posição do papa Francisco em relação aos imigrantes para percebermos que a solidariedade deveria ser obrigatória para com os nossos irmãos que procuram novas paragens.