O número de emigrantes portugueses é hoje sete vezes maior do que há 15 anos. São dados de 2014, do Observatório da Emigração. O ano passado mais de 134 mil pessoas abandonaram o país, sobretudo devido ao desemprego jovem e dificuldades financeiras
O número de emigrantes portugueses é hoje sete vezes maior do que há 15 anos. São dados de 2014, do Observatório da Emigração. O ano passado mais de 134 mil pessoas abandonaram o país, sobretudo devido ao desemprego jovem e dificuldades financeiras a emigração contemporânea em Portugal é bem mais complexa do que possamos imaginar. Os portugueses sempre tiveram o fascínio de conhecer novos povos e culturas. Daí o dizer que os portugueses deram novos mundos ao mundo. Quem não conhece, através da história, esses tempos venturosos em que uma parte significativa do globo foi descoberta pelos europeus, contribuindo para uma compreensão do seu mundo?
Foi sobretudo a partir da década de 60, do século passado, que começou em força o êxodo da emigração portuguesa. França foi a escolha de centenas de milhares de portugueses, pois a guerra nas colónias e especialmente as dificuldades económicas das famílias, a isso obrigaram. atualmente os emigrantes deste país espalham-se por todo o mundo, sendo a nação gaulesa aquela onde se encontra o maior número de lusos. Muitos deles já são da segunda e terceira geração, ou seja de filhos e netos nascidos em França. Desde 2011, emigraram pelo menos 285 mil portugueses, segundo os números recolhidos pelo Observatório da Emigração com base nas entradas de portugueses nos países de destino. Os números da emigração portuguesa tiveram um acréscimo significativo com o estalar da crise económica em 2008, e um impato brutal a partir de 2011 até aos nossos dias.
Os portugueses emigraram na década de 60 à procura de melhores condições de vida para as suas famílias, porque em Portugal o nível de crescimento económico era miserável. O país tinha estagnado e não permitia que o cidadão tivesse as condições mínimas de sustentabilidade. Volvido quase meio século voltamos quase à casa de partida, embora com contornos bem diferentes.
Com o raiar do 25 de abril de 74 o país mudou em muitos aspetos, tanto político como financeiro. O crescimento económico foi notório, com um acentuar significativo após a adesão de Portugal à União Europeia (UE). O aproveitamento das benesses e dinheiros provenientes da UE, com a finalidade de dotar o nosso país com as condições necessárias para acompanhar os restantes países europeus, é que não foi bem gerido. Se isso tivesse sucedido possivelmente não teria sido preciso o resgate feito em 2011 pelos responsáveis da Europa.

Perante a realidade existente, não é de espantar que os portugueses continuem a sair do seu cantinho à procura de uma vida mais estável. Mas vamos observar com mais atenção o fenómeno global da emigração portuguesa. De acordo com os dados fornecidos pela ONU e Banco Mundial recentemente, Portugal tinha entre dois milhões e 2,3 milhões que estavam emigrados em 2013, principalmente na Europa. Estes números não incluem luso-descendentes. Portugueses e luso-descendentes até à terceira geração espalhados pelo mundo somam mais de 30 milhões.
a população portuguesa emigrada representa mais de 20% da população residente no país. Em termos relativos, Portugal é o país da UE com maior número de emigrantes, depois de Malta. Em 2013, terão entrado nos países de destino pelo menos 110 mil portugueses, quase três vezes mais do que em 2001 (cerca de 40 mil). Entre 2012 e 2013, a população residente em Portugal diminuiu 0,5%. Os principais países de destino da emigração portuguesa, em 2013, foram Reino Unido, Suíça, França, alemanha, Espanha, angola, Luxemburgo, Bélgica, Moçambique, Brasil, Holanda, Estados Unidos, Noruega, Canadá e Itália.

O desemprego jovem é outra realidade amarga, dado que a taxa permanece elevada em vários países europeus da zona euro. Portugal tem uma percentagem de 35%, sendo uma das mais altas, de acordo com a OCDE. apesar disso, hoje os jovens portugueses são cada vez mais qualificados, o que lhes permite mais facilmente abrir caminho através da emigração e obter maior estabilidade (graças à qualidade de que dispõem) nos países para onde se deslocam.
a emigração não representa a via mais aceitável para estes jovens, mas a verdade é que o país não lhes assegura um futuro promissor, o que os leva a procurar outras paragens. Nas atuais condições só há uma hipótese de minorar o desemprego e baixar o êxodo emigrante: assegurar o crescimento deste país. Não parece tarefa fácil, mas é um dever patriótico dos governantes.