a pouco mais de um ano do final do seu segundo e último mandato, Barack Obama visita finalmente a terra dos antepassados como Presidente. antes de vencer as presidenciais de 2008 tinha ido já três vezes ao Quénia
a pouco mais de um ano do final do seu segundo e último mandato, Barack Obama visita finalmente a terra dos antepassados como Presidente. antes de vencer as presidenciais de 2008 tinha ido já três vezes ao QuéniaEsteve três vezes no país antes de ser Presidente, sempre para abraçar a avó Sara. Depois, já na Casa Branca, foi por três vezes à África subsariana, mas nunca ao país do pai. agora, finalmente, Barack Obama, Presidente dos Estados Unidos da américa, fará uma visita de Estado ao Quénia e o entusiasmo é geral, mesmo que alguns falem dos custos e da ameaça terroristaO jornal “Star” levantou há dias a questão do elevado custo da operação de segurança para receber Barack Obama, e também dos riscos de ataque terrorista por parte do grupo al-Shabab, mas para a esmagadora maioria dos 45 milhões de quenianos a visita do Presidente americano será ocasião de festa. afinal, não só o líder do mais poderoso país do mundo vai estar em Nairóbi no final de julho como ainda por cima é alguém com raízes africanas, pois o pai era um queniano que foi estudar para o Havai onde acabaria por casar com a americana ann Dunham. Entre os mais entusiasmados com a visita estão o Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, desejoso de um forte sinal de reconhecimento internacional, e a avó de Obama, Sara, que apesar dos 90 anos se mantém saudável e ainda há meses fez a peregrinação a Meca, surgindo ansiosa agora por voltar a abraçar o famoso neto. Mas há também um terceiro queniano que não esconde a felicidade pela próxima visita do Presidente americano: trata-se de Felix Kiprono, um advogado de Nairóbi que, segundo o jornal “The Nairobian”, ofereceu 50 vacas (e mais uma centena de ovelhas e cabras) para casar com Malia, de 16 anos, a mais velha das filhas de Obama. a pouco mais de um ano do final do seu segundo e último mandato, Obama visita finalmente a terra dos antepassados como Presidente. antes de vencer as presidenciais de 2008 tinha ido já três vezes ao Quénia, sempre para um encontro em Kogelo, perto do Lago Vitória, com a avó Sara, na verdade a única mulher sobrevivente do avô paterno muçulmano mas que sempre o tratou como neto. a primeira vez foi em 1988, quando estudava Direito em Harvard, a segunda em 1992, para apresentar a noiva Michelle, e a terceira em 2006, quando já era senador pelo Illinois. Da ida de estreia ao Quénia, há quase três décadas, Obama deixou um testemunho emotivo no livro “Dreams From My Father”. Pela primeira vez na vida senti o conforto, a firmeza da identidade que um nome pode dar, como pode conter toda uma história nas memórias das outras pessoas, de forma a que acenem com a cabeça e digam “ah, é filho de fulano de tal”. Ninguém aqui no Quénia vai perguntar como se soletra o meu nome, escreveu o agora Presidente, que os inimigos nos Estados Unidos da américa (EUa) insistem em dizer que nasceu fora do país, logo seria inelegível, e que pratica o Islão às escondidas, pois essa era a religião do avô, de etnia luo. Nascido no Havai em 1961, Obama pouco lidou com o pai, também chamado Barack Obama, pois este divorciou-se de ann Dunham e quando o filho tinha dois anos foi para a outra ponta dos EU a estudar Economia em Harvard. ambos só se voltaram a ver quando a criança tinha dez anos, durante umas férias de final de ano que Obama pai fez no Havai. De início, pai e filho não se sentiram confortáveis um com o outro, mas houve um momento mágico que os aproximou: a professora primária de Obama em Honolulu convidou o pai a falar sobre o Quénia e a aula toda aplaudiu, deixando o miúdo orgulhoso, além de fascinado com o que ouviu sobre o país africano, então recém-independente da colonização britânica. antes de partir, Obama pai ofereceu ao filho uma bola de basquetebol, mas também dois discos de música tradicional queniana, como que a querer alimentar uma curiosidade pela terra dos antepassados. alto funcionário do governo queniano, e bolseiro nos EU a alguns anos, Obama pai voltou ao Quénia e falou ainda várias vezes ao telefone com o filho, até que morreu num acidente de automóvel em 1982. Quem telefonou a dar a notícia trágica foi a tia Jane, um dos muitos familiares que o Presidente Obama tem no Quénia, pois vivem lá pelo menos mais três irmãos, auma, Roy e George, todos nascidos de um primeiro casamento realizado ainda antes da aventura americana do pai. Há também mais dois meio-irmãos, que a avó Sara diz não serem verdadeiros. E de um casamento com outra americana, ainda existe um meio-irmão pelo lado paterno criado no Quénia, Mark, hoje a viver na China. Não têm sido os riscos de terrorismo a manter Obama longe do Quénia nestes sete anos que leva já como Presidente dos EUa, o primeiro negro no cargo em mais de dois séculos. O problema tem sido a violência política interna no país, sobretudo no rescaldo das eleições de 2007, com Kenyatta, filho do pai da independência queniana, a ter estado na mira da justiça internacional. Mas agora a estabilidade parece ter-se imposto, mesmo com a ameaça das milícias somalis que acusam o Quénia de invasão, e não só Obama pode visitar o país dos antepassados, como os EU a dão um sinal de apoio a um dos seus mais sólidos aliados na África Oriental. Um primeiro sinal de que os problemas estavam ultrapassados foi Kenyatta ter sido recebido na Casa Branca.como Presidente, Obama esteve já quatro vezes em África, uma delas no Egito, as restantes na África subsariana. Em 2009, visitou o Gana, depois em 2013 esteve no Senegal, na Tanzânia e na África do Sul. Em finais de 2013 voltou à África do Sul para o funeral de Nelson Mandela. agora é uma conferência sobre empreendedorismo o motivo oficial da visita, mas o facto de levar a mulher e as filhas Malia e Sasha (ambas muito jovens e nenhuma interessada em ofertas de casamento, diga-se) mostra o quanto especial é o voltar a pisar a terra do pai. Não se sabe se irá a Kogelo, mas a avó Sara declarou ao jornal “The Nation” estar feliz por ele visitar agora o Quénia. É uma vitória para todos nós. Orador de excelência, espera-se que Obama deixe palavras históricas em Nairóbi. No livro sobre o pai testemunhou como naquela lição aos miúdos do Havai ele contou-nos da luta do Quénia para ser livre.como os britânicos queriam ficar e injustamente continuaram a governar o povo, como fizeram na américa; como muitos tinham sido escravizados só por causa da cor da pele, como também aconteceu na américa; mas que os quenianos, tal como todos nós na sala, ambicionavam ser livres. Hoje, os quenianos estão ansiosos pelos discursos de Obama.