Estamos em plena campanha pré-eleitoral, com os partidos a apresentarem as suas propostas aos portugueses. Os políticos, quer os que estão no poder, quer aqueles que o pretendem, de tudo se servem para nos convencer
Estamos em plena campanha pré-eleitoral, com os partidos a apresentarem as suas propostas aos portugueses. Os políticos, quer os que estão no poder, quer aqueles que o pretendem, de tudo se servem para nos convencer a realidade em que vivemos não parece interessar aos homens e mulheres que exercem a política. Se isso acontecesse certamente que este país estaria bem melhor. O exercício da política deveria ser honesto e transparente, contudo quem o faz segue primeiro os interesses do partido que o alberga, o que condiciona e mata uma gestão concreta voltada para o país.
Depois dos interesses do (s) partido (s) seguem-se toda uma panóplia de concretizações individuais ou de grupo (s), relegando para lugar derradeiro o que deveria estar no topo da sua ação: as populações.
O Governo é para gerir o país, mas tendo em conta as pessoas que fazem parte dele, ou então a sua legitimidade pode ser contestada nem que seja apenas através da crítica, já que de outras formas é muito complexo.

Os políticos utilizam uma linguagem própria, que muitos apelidam de politiquês. Trata-se de uma visão muito própria, mas distorcida, da realidade das coisas, ou seja, interpretam fatos e números de acordo com a política que pretendem impingir. Vamos a fatos. O ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social anunciou recentemente que desde o início de 2013 foram criados 175 mil novos postos de trabalho em Portugal, pretendendo fazer passar a imagem de um bom trabalho do Governo a que pertence. Errado triplamente. Esqueceu-se de dizer que desde 2011 foram destruídos mais de 400 mil empregos, e que ainda falta recuperar mais de metade. Mas a isso ainda teremos de acrescentar os centenas de milhares que emigraram por não terem emprego no país. Já agora também convém lembrar que ao Estado compete criar as condições necessárias para que as empresas possam trabalhar, pois quem cria os postos de trabalho é mais o setor privado que o público.

Do lado da oposição ao atual Governo não vem melhor. antónio Costa, secretário-geral do PS, tem afirmado repetidamente que não faz promessas, apenas assume compromissos. E explica porquê: Porque os portugueses não suportam mais promessas que não possam ser cumpridas. No entanto os compromissos que assume representam 1,6 milhões segundo adianta o Expresso. Costa defende a reposição na íntegra dos salários da função pública, o fim da sobretaxa do IRS, a baixa do IV a da restauração para a taxa intermédia e a reposição do Complemento Solidário de Idosos (CSI) para os níveis anteriores ao corte feito por este Governo. as suas intenções, todas elas assentes em criação de investimento e emprego, como pressuposto de que romperia a lógica de austeridade que tem vigorado, custam o equivalente a 0,9% do PIB. Ora o compromisso com a União Europeia prevê que o défice orçamental de 2015 para 2016 reduza 0,5% (850 milhões). a pergunta que fica é: Como vai ser possível?

Depois destes dois exemplos é fácil concluir o tipo de linguagem enganosa utilizada pelos políticos, o que acaba por confundir ainda mais o sentido de voto dos portugueses. Mas atenção que estamos a falar dos atuais governantes e da oposição, que segundo algumas sondagens até poderão vir a ganhar as próximas eleições e assumir o poder.
De fato os portugueses têm toda a razão em não acreditar nos políticos e nas suas promessas, ou compromissos. afinal foram uns e outros que sepultaram os portugueses na atual situação com se debatem as pessoas e o país.
a pergunta que fazia no início era se a verdade é incompatível com a política. Está bem de ver que não há incompatibilidade entre uma e outra. Mas isso interessará aos políticos? Não me parece, mas vamos ter esperança que também os eleitores saibam fazer a destrinça entre o que presta e o que não interessa, para que não mudem só as moscas.