é verdade que há um conflito durí­ssimo nos muçulmanos entre sunitas e xiitas, mas a situação dos cristãos é dramática. Se na sua história bimilenária, sempre suportaram violências, desta vez assiste-se a uma limpeza étnica de regiões inteiras
é verdade que há um conflito durí­ssimo nos muçulmanos entre sunitas e xiitas, mas a situação dos cristãos é dramática. Se na sua história bimilenária, sempre suportaram violências, desta vez assiste-se a uma limpeza étnica de regiões inteirasDecorre este ano um centenário geralmente esquecido: o genocídio dos arménios e dos cristãos, iniciado em 24 de abril de 1915: um projeto ignóbil de limpeza étnica nacionalista que se serviu do fanatismo religioso para destruir cruelmente, com massacres e deportações, mais de um milhão e meio de arménios e de cristãos no império otomano. Depois do Holocausto dos judeus na Segunda Guerra Mundial, é o acontecimento histórico mais estudado. Mas também muito esquecido. afirmam que em 1939, nas vésperas da invasão da Polónia, Hitler teria pronunciado a frase seguinte: afinal, quem fala hoje do extermínio dos arménios? É curta a memória dos homens. Serve isto para não esquecermos a barbárie que se desencadeou há bem pouco tempo sobre as minorias religiosas do Médio Oriente, particularmente sobre os cristãos, com a marca do Estado Islâmico (EI). Tragédias brutais e insensatas que o Ocidente facilmente esquece. Somos perseguidos. Fazei com que não sejamos abandonados, gritam esses cristãos. Que futuro para eles? É verdade que há um conflito duríssimo nos muçulmanos entre sunitas e xiitas, mas a situação dos cristãos é dramática. Se na sua história bimilenária, sempre suportaram violências, desta vez assiste-se a uma limpeza étnica de regiões inteiras, sem paralelo na história. O EI, com o apoio inesperado de membros vindos um pouco de todo o mundo, foi conquistando territórios a norte da Síria e do Iraque, semeando violência e horror por toda a parte. Violência que não se confina às perdas humanas, às decapitações ou deportações, mas que atinge, por incrível que pareça, todo um património cultural da humanidade. Desde o final de fevereiro deste ano, os militantes do EI já destruíram pelo menos cinco monumentos históricos, no norte do Iraque. alguns eram para a UNESCO património mundial da humanidade. Temos na nossa retina as imagens da destruição de várias estátuas, datadas entre os séculos VII e VIII antes de Cristo, num museu de Mosul, no Iraque. ainda em fins de fevereiro, também em Mosul, elementos do EIentraram na biblioteca pública da cidade e incendiaram cerca de oito mil livros, entre os quais vários manuscritos que constavam na lista de raridades da UNESCO. algumas peças foram transportadas em carrinhas para local incerto. Em Nimrud, a 60 quilómetros de Mosul, vestígios arqueológicos da antiga assíriaforam destruídos porbulldozers. Mosul, aleppo, Nimrud, Hatra e agora também Palmira. São crimes contra a humanidade. O património cultural ou é vandalizado ou é recolhido para financiar o Estado Islâmico. Fontes da ONU afirmam que a venda desses tesouros de arte, juntamente com o petróleo e o dinheiro dos resgates dos raptos são as três principais fontes de financiamento desse Estado destruidor e criminoso. até quando?