Se todos fizermos e dermos o melhor de nós, com responsabilidade e sentido de justiça, haverá menos corrupção, menos abusos e discriminações, menos violações dos direitos humanos, menos dor e sofrimento, menos lágrimas e morte
Se todos fizermos e dermos o melhor de nós, com responsabilidade e sentido de justiça, haverá menos corrupção, menos abusos e discriminações, menos violações dos direitos humanos, menos dor e sofrimento, menos lágrimas e morteVivemos num mundo muito conturbado, com tantas situações de dor e injustiças, de corrupção e miséria, de desrespeito pelos direitos básicos de cada ser humano, de tal forma que muitas pessoas dizem já nem ver os noticiários porque, precisamente, estes só falam de desgraças. Mas mesmo assim, não deixo de os ver, até porque relatam o que o ser humano vai fazendo neste belo mundo que é o nosso. Certo, as desgraças são imensas e todos os dias se juntam muitas novas às que já conhecemos. Outras só são notícia quando atingem proporções terríveis e preocupantes, como o drama de milhares e milhares de pobres e refugiados que atravessam diariamente o Mar Mediterrâneo em busca de uma vida digna, escapando da miséria e da morte. Este é só um de muitos exemplos que podemos citar, porque há imensos casos de abusos e formas de opressão que fazem parte do quotidiano de muita gente em muitos países desde sempre: tráfico humano, tráfico de armas e drogas, racismo e ataques desnecessários ao ecossistema, só para mencionar alguns. Outras só são notícia quando se revelam como tragédia verdadeiramente dramática, como os tsunamis ou terramotos (Haiti, Tailândia e mais recentemente Nepal), mas passadas umas semanas caem no esquecimento de todos, exceto na preocupação dos que continuam a sofrer os efeitos dessas mesmas tragédias. Quando são feitas análises e comentários a estes e outros problemas, os especialistas reúnem-se todos à volta de um mesmo objetivo: analisar as causas desses mesmos problemas. E não só: apresentam também soluções para a sua resolução. Infelizmente, a maior parte destes especialistas ou comentadores pouco ou nada podem fazer para solucionar os problemas. Sabemos a quem toca esta tarefa, mas é aqui que surge outro problema: nem todos analisam as coisas da mesma maneira, ou seja, os problemas são vistos, interpretados e sentidos de forma diferente, muitas vezes de forma radicalmente oposta. Esta atitude é mais facilmente detetada quando se trata de problemas ou tragédias causadas por intervenção humana. Na minha opinião, uma das soluções para estes problemas era que cada um fizesse bem o que tem de fazer, sobretudo os que têm poder de decisão, mas também cada um de nós, a todos os níveis, não só profissional. Ou seja, se sou padre, devo fazer os possíveis por ser bom no que faço, tendo em conta uma máxima muito importante que se encontra em muitas culturas e que Jesus mencionou nos seus ensinamentos: Faz aos outros o que queres que te façam a ti. Ser bom no que faço significa que assumo a responsabilidade dos meus compromissos para com o meu próximo: isto vale para todos, desde reis a presidentes, desde primeiros-ministros a pais de família, de médicos a professores e advogados, de jovens a idosos e assim por diante. Fazer bem o que temos de fazer significa fazê-lo com retidão, com seriedade e empenho, com sentido de justiça e pelo bem comum. a meu ver, 90 por cento do males que há no mundo seriam facilmente evitáveis ou reduzidos se cada um fizesse bem o que deve fazer. Porque o que fazemos tem impato na vida dos outros, seja de forma direta ou indireta. Somos todos membros desta aldeia global, por isso as decisões que hoje são tomadas na China ou Estados Unidos da américa têm impacto em cada um de nós, mesmo que indiretamente. Ora, se todos fizermos e dermos o melhor de nós, com responsabilidade e sentido de justiça, haverá menos corrupção, menos abusos e discriminações, menos violações dos direitos humanos, menos dor e sofrimento, menos lágrimas e morte. E Deus semeou em cada ser humano as sementes do amor, da paz, da justiça, do perdão e da solidariedade. Toca a cada um de nós fazê-las crescer e dar fruto. Sim, porque um outro mundo é possível.como dizia o fundador do Instituto Missionário da Consolata, o beato allamano, o bem deve ser bem feito E mais ainda: O bem não faz barulho e o barulho não faz bem. Ou seja, como Maria devemos colocar-nos ao serviço do outro na humildade, na simplicidade e despojados do orgulho e vaidade que podem distorcer as motivações do bem que fazemos.