Jesus «sujou» as mãos tocando os leprosos, mas foi esse o modo de se aproximar dos excluídos do seu tempo. Os cristãos devem se aproximar e estender a mão àqueles que a sociedade tende a excluir, como fez Jesus com os marginalizados
Jesus «sujou» as mãos tocando os leprosos, mas foi esse o modo de se aproximar dos excluídos do seu tempo. Os cristãos devem se aproximar e estender a mão àqueles que a sociedade tende a excluir, como fez Jesus com os marginalizados O Papa Francisco abordou na missa de sexta-feira passada, que habitualmente celebra na Casa Santa Marta, o tema dos marginalizados da sociedade, tomando como exemplo o milagre de Jesus na cura do leproso. O Evangelho do dia, sobre o qual o Papa fez a reflexão, refere que um leproso se prostra diante de Jesus e lhe diz: Senhor, se queres, tens poder para purificar-me. Jesus o tocou e curou.
Foi em função da ação de Cristo que o Papa referiu na sua homilia, que não se pode fazer comunidade sem proximidade.
O milagre, como referiu o Papa, aconteceu sob os olhos dos doutores da lei, para os quais o leproso era um impuro. a lepra era uma condenação perpétua disse e curar um leproso era tão difícil como ressuscitar um morto. E, por isso, eram marginalizados. Jesus, ao invés, estende a mão ao excluído.
Não se pode fazer comunidade sem proximidade. Não se pode fazer a paz sem proximidade. Não se pode fazer o bem sem aproximar-se. Jesus poderia muito bem ter dito: Sê purificado!. Mas não: se aproximou e o tocou. E mais! No momento em que Jesus tocou o impuro, se tornou também ele impuro. E este é o mistério de Cristo: toma para si as nossas sujidades, as nossas impurezas.
Não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote e apresenta a oferta prescrita por Moisés, para que lhes sirva de prova disse Jesus ao leproso. Isso porque, destacou Francisco, além da proximidade, para Jesus é fundamental também a inclusão:
Tantas vezes penso que seja, não digo impossível, mas muito difícil fazer o bem sem sujar as mãos. E Jesus se sujou. Proximidade. E depois vai além. Disse-lhe: Mostra-te aos sacerdotes e faz o que se deve fazer quando um leproso é curado. Quem estava excluído da vida social, Jesus inclui: inclui na Igreja, inclui na sociedade Vai, para que todas as coisas sejam como devem ser. Jesus jamais marginaliza alguém, jamais. Marginaliza a si mesmo, para incluir os marginalizados, para nos incluir, pecadores, marginalizados, com a sua vida.
Quantas pessoas olham de longe e não entendem, não lhes interessa Quantas pessoas olham de longe, mas com o coração mau, para testar Jesus, para criticá-lo, para condená-lo E quantas pessoas olham de longe porque não têm a coragem que ele teve de se aproximar, mas têm tanta vontade de fazê-lo! E naquele caso, Jesus estendeu a mão, antes. No seu ser estendeu a mão a todos, fazendo-se um de nós, como nós: pecador como nós, mas sem pecado, mas sujo dos nossos pecados. E esta é a proximidade cristã.
É uma bela palavra, a proximidade, concluiu Francisco. Que convida a um exame de consciência: Eu sei aproximar-me?. Tenho ânimo, força, coragem de tocar os marginalizados?. Uma pergunta que diz respeito também à Igreja, às paróquias, às comunidades, aos consagrados, aos bispos, aos padres, a todos.
Francisco, desassombradamente como é sua característica, não deixa ninguém de fora, pelo contrário faz o exame de consciência individual, mas aponta também para todo o colectivo da Igreja.
Na verdade, a maior parte de nós tem dificuldade em assumir as suas responsabilidades enquanto cristãos, dada a necessidade de estar muito atentos a tudo quanto nos rodeia, o que nem sempre fazemos.
Precisamos de reflectir com muito cuidado em relação à forma como atuamos, ou não, em prol daqueles que são marginalizados pela sociedade e são tantos!
a expressão sujar as mãos deverá ser também, no entender de Francisco, ir até onde for necessário para apoiar os excluídos da sociedade. Teremos a coragem de o fazer?