Os medicamentos são essenciais para o bem-estar do ser humano, tendo em conta a cura e o alí­vio das doenças que o atingem. a falta de condições económicas não pode ser obstáculo ao seu acesso por aqueles que deles carecem
Os medicamentos são essenciais para o bem-estar do ser humano, tendo em conta a cura e o alí­vio das doenças que o atingem. a falta de condições económicas não pode ser obstáculo ao seu acesso por aqueles que deles carecemSocorrendo-se de dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde, Dom Silvano Tomasi, observador permanente da Santa Sé junto das Nações Unidas, em Genebra, afirmou que cerca de 10 milhões de vidas humanas poderiam ser salvas cada ano, se aqueles recursos estivessem à disposição de forma mais célere. O arcebispo avançou ainda que um terço da população mundial vive atualmente sem acesso regular a medicamentos e vacinas essenciais, sobretudo nos chamados países em vias de desenvolvimento.
Para Dom Tomasi, um dos indicadores mais fortes de que algo é preciso mudar foi dado durante a epidemia de Ébola que afetou diversos países do continente africano.
O arcebispo italiano sublinhou que este contexto agravou-se com a crise económica e que os países mais pobres são os que mais têm sofrido, segundo avançou o jornal Osservatore Romano. E acrescenta: as deficiências nos sistemas de saúde daquela região ficaram muito expostas durante a epidemia, e não podem ser olvidadas, caso contrário, poderá colocar em causa, ou mesmo reverter, todo o desenvolvimento humano e económico que tem sido posto em prática naquele continente, anotou o representante da Santa Sé. Para Dom Silvano Tomasi, iniciativas como a dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio representam uma oportunidade crítica para ajudar as nações mais carentes a atingirem níveis adequados de saúde e sustentabilidade económica. E referiu o arcebispo que deu como exemplo outro desafio global de saúde, o do vírus HIV: Se falharmos nesta missão estaremos a colocar milhões de vidas em risco.

Recordamos que em setembro de 2000, Chefes de Estado e de Governo, reunidos a nível de Cimeira, aprovaram a Declaração do Milénio. a secção III desta Declaração foca o tema Desenvolvimento e erradicação da pobreza e foi o principal documento de referência para a formulação dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio até 2015. O documento representa uma parceria entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento, tendo em vista criar um clima, tanto a nível nacional como mundial, que conduza ao desenvolvimento e à eliminação da pobreza.
a viragem do século foi interpretada pela ONU como um momento único e simbólico para articular um novo impulso para a Organização. Foram apresentadas recomendações neste sentido pelo então Secretário-Geral Kofi annan, no seu Relatório do Milénio, Nós, os Povos, as Nações Unidas do Século XXI.

E em Portugal o que se passa com o acesso aos medicamentos? Um estudo da Information Management School, da Universidade Nova de Lisboa sobre sustentabilidade na saúde, dado a conhecer em março deste ano, concluiu que 16% dos portugueses não comprou medicamentos prescritos pelo médico por insuficiência económica em 2014, ainda que 50% considere que o estado de saúde afeta a qualidade de vida e produtividade no trabalho. O mesmo estudo revela que cerca de 10% admite que o preço elevado impediu, em 2014, o acesso ao Serviço Nacional de Saúde (consultas, urgências hospitalares e exames de diagnóstico). Entre os doentes crónicos, cerca de 11% admite que as receitas não foram aviadas por falta de dinheiro.
Mais recentemente um estudo da DECO revela que quatro em cada dez pessoas já deixaram de comprar medicamentos por falta de dinheiro ou por falta de stock da farmácia. É uma situação que se está a verificar cada vez com mais frequência. O que quer dizer que os portugueses também estão a sofrer as consequências da crise económica em que vivem, o que deve levar o Governo e instituições a procurarem atenuar a grave dificuldade existente.