«Numa sociedade que não tem em conta o bem comum, a lei que reina é a lei do salve-se quem puder e como puder»
«Numa sociedade que não tem em conta o bem comum, a lei que reina é a lei do salve-se quem puder e como puder»Perante as frequentes e trágicas notícias que nos chegam deste pequeno Mar Mediterrâneo, tão atraente pelas suas águas cálidas, pelo seu azul transparente, pela sua localização estratégica servindo de ponte entre povos de vários continentes, dói a alma vê-lo a ser hoje cemitério de tantos seres humanos. O que se está passando? Como se explica? Porquê as guerras, a fome, a escravatura, o engano, a ameaça, a perseguição que conduz a este constante êxodo? a esta saída em busca da felicidade que tantas vezes se pensa encontrar em lugares errados, em paraísos que se vendem, mas na realidade não existem? Nesta chamada aldeia global, onde todos somos vizinhos, próximos, presentes no aqui e agora através das tecnologias, das redes, dos meios de comunicação, não é uma vergonha, não é caricato, não é indigno aquilo que estamos testemunhando? O que se passa? Onde estamos, para onde queremos ir? Quem nos está a conduzir? Para onde nos estão a levar? Não é incrível que hoje os próprios governos estejam prisioneiros dos mercados financeiros? Onde está a sã utopia da igualdade, da fraternidade, da liberdade? Como se permite que mais de 80 por cento da população viva na pobreza e menos de 20 por cento possua a riqueza da terra que é de todos e para todos? O que implica denunciar um capitalismo selvagem que não olha aos meios para atingir os fins do lucro e mais lucro?O tráfico de pessoas para fins de exploração laboral, sexual ou extração de órgãos é um terrível desrespeito pela pessoa humana. Todos os que embarcam rumo à Europa naquelas condições, não sabem o que os espera. Enganados, aliciados ou forçados, eles alimentam a ambição de uns quantos e ajudam à subsistência de tantos outros que também caíram nesta rede criminosa. Numa sociedade que não tem em conta o bem comum, a lei que reina é a lei do salve-se quem puder e como puder. Todos somos chamados a uma atenção redobrada na nossa comunidade a jovens, homens ou mulheres, adolescentes ou crianças a quem deixamos de ver, que saem em busca de uma vida melhor e não mais sabemos do seu paradeiro todos podemos cair na rede. Precisamos de criar comunidades ativas contra o tráfico de pessoas, contra as suas causas, tornando-nos profetas que anunciam a boa notícia e denunciam as injustiças.