O aumento populacional, a escassez de água e recursos da terra exigem uma séria e profunda reflexão sobre as estratégias para garantir uma alimentação saudável e suficiente para todos
O aumento populacional, a escassez de água e recursos da terra exigem uma séria e profunda reflexão sobre as estratégias para garantir uma alimentação saudável e suficiente para todosabriu recentemente em Milão, na Itália, a Expo Mundial 2015, um evento global, onde países, organizações internacionais, sociedade civil e visitantes discutem o tema alimentar o Planeta. Energia para a Vida. Portugal é um dos poucos países da União Europeia que vai estar ausente, pelos vistos, por razões de custos elevados. Uma ausência incompreensível, quando se pensa que o tema da Expo 2015 está relacionado com um dos sectores que mais tem crescido nas exportações portuguesas dos últimos anos, o agroalimentar. Mas não se trata só de expor para vender melhor. a Expo não pode ser vista só na sua vertente economicista, mas como contributo para o debate de uma questão que é crucial para o futuro da humanidade. O aumento populacional, a escassez de água e recursos da terra exigem uma séria e profundareflexãosobre as estratégias para garantiruma alimentação saudável e suficiente para todos. Por isso, aExpo 2015poderá ser umlaboratório de pesquisa desoluçõesconcretas paramelhorara vida das pessoas, sempre no respeito pelo planeta que nos foi confiado. Há milhares de anos que a Terra vem nutrindo a humanidade, mas os seus recursos sãolimitados:só com opções políticas conscientes, estilos de vidacorretos e recurso a tecnologia avançada serão possíveis outras soluções. Se os Objetivos do Milénio da ONU tinham 2015 como data limite para a redução significativa da percentagem de quem sofre a fome, a dura realidade é que ainda hoje no mundo uma em cada oito pessoas não tem alimento suficiente para ter uma vida sã e ativa e as vítimas da fome são aos milhões. Contrastam com esta situação países industrializados que lançam para o lixo milhões de toneladas de alimentos. Um crime que brada aos céus. É por isso que o Papa na sua mensagem inaugural enviada à Expo 2015, fazendo-se porta-voz de tantas bocas famintas, alertou mais uma vez para que se globalize a solidariedade e não se desperdice esta oportunidade: Desejava que, a partir de hoje, cada pessoa que visitasse a Expo de Milão, passando pelos diversos pavilhões, pudesse perceber a presença de rostos, que estão ocultos, mas que na realidade, deveriam ser os protagonistas do evento: rostos de homens e mulheres que passam fome, que adoecem e até morrem por causa de uma alimentação escassa e nociva. E perante o paradoxo da abundância em tantos países, aliado à cultura do desperdício, Francisco expressa o seu desejo de que esta exposição mundial possa ser uma ocasião propícia para mudar de mentalidade, e pede ao mundo que não abuse deste Jardim que Deus nos confiou para que todos possam comer dos seus frutos. Vislumbram-se os temas da ecologia, criação, meio-ambiente e solidariedade, que certamente vão estar presentes na encíclica papal, prometida para este mês de junho.