O corte de rendimento entre os pobres em Portugal é o maior do estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), ultrapassando a Grécia, Irlanda, Estónia, Islândia, Espanha, Reino Unido, alemanha, França e Estados Unidos
O corte de rendimento entre os pobres em Portugal é o maior do estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), ultrapassando a Grécia, Irlanda, Estónia, Islândia, Espanha, Reino Unido, alemanha, França e Estados Unidosas famílias pobres foram mais atingidas por cortes em Portugal do que na Grécia e na Irlanda. Esta é a conclusão de um estudo da OCDE sobre medidas dos governos de dez países, durante um período de cinco anos. as famílias de baixos rendimentos enfrentaram consideráveis perdas em Portugal devido aos cortes na assistência social, diz a OCDE no relatório, concluindo que, entre 2008 e 2013, os agregados familiares que ganham menos de metade do rendimento médio português perderam 8% da sua riqueza.

analisando a totalidade dos países da OCDE, e também economias emergentes como a China ou a Rússia, o relatório apresentado no passado dia 21 de maio em Paris, conclui que a desigualdade de rendimentos e a pobreza aumentaram durante a crise. Nos primeiros anos da crise, a desigualdade de rendimentos antes de impostos e benefícios aumentou fortemente, mas os impostos e benefícios amorteceram a subida. Nos anos mais recentes, enquanto a desigualdade de rendimentos antes de impostos e benefícios continuou a subir, o efeito de amortecimento abrandou, acelerando a tendência geral de aumento da desigualdade do rendimento disponível, refere a OCDE.

O documento menciona ainda que entre 2011 e 2012, Portugal registou uma redução de 0,343 para 0,338 no coeficiente Gini, que mede as desigualdades de rendimento (0 para os países com igualdade de rendimentos e 1 para os países com maior desigualdade de rendimentos). Portugal surge, assim, como o nono país mais desigual entre os 34 da OCDE, acima do índice médio destes países, que é de 0,315. Os 10 por cento da população portuguesa mais rica concentravam 25,9 por cento da riqueza, enquanto os 10 por cento da população mais pobre tinham 2,6 por cento.

O relatório conclui que, entre 2007 e 2011, a maioria dos países da OCDE registou um aumento na desigualdade do rendimento disponível, tendo ficado 15 países mais desiguais e nove mais iguais. Na maioria dos países, o fosso entre os mais ricos e os mais pobres está ao nível mais alto dos últimos 30 anos, com os 10 por cento dos mais ricos a registarem em média 9,6 vezes o rendimento dos 10 por cento mais pobres. Ou seja, Os 10% mais ricos ganham quase dez vezes mais que a população mais pobre do planeta. Em países como a Grécia, Irlanda e Portugal, o aumento da desigualdade nos rendimentos do trabalho foi fortemente influenciada pelos efeitos do desemprego, no entanto as diferençassalariais reduziram-se essencialmente por causa dos cortes nos salários do setor público.

O estudo assinala ainda que em Portugal, apesar do aumento da desigualdade registada no rendimento de mercado (inclui rendimentos do trabalho, capital e propriedades), a aplicação de benefícios fiscais e sociais resultou numa redução da desigualdade dos rendimentos disponíveis. Mesmo assim o nosso país continua entre os países mais desiguais e com maiores níveis de pobreza consolidada da OCDE. Os dados mostram que as fortes desigualdades prejudicam o crescimento. a ação política deveria ser motivada tanto por razões económicas como por razões sociais. ao não atacarem o problema da desigualdade, os governos enfraquecem o tecido social e comprometem o crescimento económico a longo prazo, disse o secretário-geral da OCDE, angel Gurría. angel Gurría pôs o dedo na ferida, ou seja, enunciou com clareza o caminho a seguir pelos responsáveis governamentais de cada país na necessidade de alteração das políticas que tem vindo a seguir ao longo dos anos. Políticas sociais justas são o caminho mais assertivo para todos os países que se debatem com o agravamento da pobreza, esperemos que os governantes portugueses tomem consciência disso.