Este mês, a Igreja reconhecerá publicamente a santidade de um destes mártires, o bispo de São Salvador, óscar Romero. Foi martirizado pela maneira como defendeu os direitos dos mais pobres e oprimidos do seu país
Este mês, a Igreja reconhecerá publicamente a santidade de um destes mártires, o bispo de São Salvador, óscar Romero. Foi martirizado pela maneira como defendeu os direitos dos mais pobres e oprimidos do seu país Vem no Evangelho que quem trabalha para o Reino de Deus encontrará oposição e até a morte. Vivido a sério, o Evangelho arrasta sempre consigo incompreensões e opressões. a história da humanidade está repleta de exemplos de vidas entregues a favor dos pobres e rejeitados. São vidas de profetas e mártires do Reino de Deus. as estatísticas anuais do Vaticano falam-nos de um número incontável de pessoas que deram a vida ao serviço da missão da Igreja. Felizes sereis, quando vos insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem, por minha causa, todo o género de calúnias contra vós, declarou o Mestre. a maioria dos mártires do nosso tempo não o é pela defesa de uma verdade católica, mas por causa da fidelidade a uma missão que lhes foi confiada. Há quem lhes chame mártires sociais. Dão a vida pela sua postura a favor da justiça e da paz. No dia 23 deste mês, a Igreja reconhecerá publicamente a santidade de um destes mártires, o bispo de São Salvador, Óscar Romero. Foi martirizado pela maneira como defendeu os direitos dos mais pobres e oprimidos do seu país. Enraizado no Evangelho e na dignidade da pessoa, através dos seus sermões, transmitidos via rádio para todo o país, usava palavras duras contra a violência e as injustiças de que o seu povo era vítima. Denunciou claramente a violência imposta pelos donos do poder (políticos, militares, fazendeiros ricos e até a polícia nacional), e a violência dos revolucionários militantes que diziam estar a agir em nome da justiça. Devemos assegurar o processo de libertação do nosso país, dizia Romero em 1980, alguns meses antes de ser assassinado. a Igreja não nos abandonará; ela continuará a viajar connosco mas com a voz do Evangelho, que é a da transcendência de Cristo. Ela continuará a exigir que cada uma das pessoas envolvidas na luta pela libertação ponha a sua confiança em Jesus Cristo, o maior libertador de todos, e nunca O perca de vista. Tendo recebido inúmeras ameaças de morte, foi martirizado a 24 de maio de 1980, enquanto presidia à celebração da Eucaristia. Ficaram famosas as suas palavras proféticas numa entrevista a um jornal mexicano, duas semanas antes da sua morte: Fui frequentemente ameaçado de morte.como cristão, não acredito na morte sem ressurreição: se me matarem, ressuscitarei no povo salvadorenho. Digo isso sem nenhuma ostentação, com a maior humildade.como pastor, sou obrigado, por mandato divino, a dar a vida por aqueles que amo, que são todos os salvadorenhos, até por aqueles que me assassinarem. O martírio é uma graça de Deus, que não me sinto na situação de merecer, mas se Deus aceitar o sacrifício da minha vida, que o meu sangue seja semente de liberdade. Pode escrever: se chegarem a matar-me, desde já perdoo e abençoo aquele que o fizer.