«O Papa disse que a Cúria está para servir e que não pode haver carreirismo dentro da Igreja». a afirmação é do Cardeal Oscar andrés Rodriguez Maradiaga, um dos principais colaboradores do Papa Francisco
«O Papa disse que a Cúria está para servir e que não pode haver carreirismo dentro da Igreja». a afirmação é do Cardeal Oscar andrés Rodriguez Maradiaga, um dos principais colaboradores do Papa FranciscoO arcebispo de Tegucigalpa e presidente da Caritas Internationalis, Oscar andrés Rodriguez Maradiaga, desde abril de 2013 coordena o Conselho de cardeais que aconselham o Papa sobre a reforma da Cúria Romana e do governo da Igreja universal. Em entrevista concedida à agência ZENIT, de Roma, o arcebispo cardeal aborda diversos temas atuais da vida da Igreja, começando por considerar que o trabalho destes dois anos do Conselho dos Cardeais é bastante positivo.
Poucos dias antes da reunião chamada C-9 – assim apelidada dado que é composta por nove cardeais – Oscar Maradiaga asseverou que o Pontífice afirmou: Podem reformar-se todas as instituições, mas se as pessoas não se reformam isso não leva a lugar nenhum. O que equivale a dizer que uma das chaves da reforma atual é como fazer para que as instituições da Cúria possam servir melhor, possam servir mais agilmente.

Em relação ao papel da Igreja na sociedade atual, Oscar Maradiaga refere especificamente: a Igreja, como hierarquia, tem uma missão que é evangelizar especialmente a cultura. E a Igreja, como povo de Deus, tem uma missão bela que é evangelizar com o testemunho. acho que as duas coisas se completam. Isso não quer dizer que o laicado não tenha uma missão também de ensinamento, de reflexão, etc. Mas, basicamente, o que mais devem ter todos os batizados é um testemunho dos valores do Evangelho.
Quando questionado quanto ao desafio da Igreja para este século XXI, o Cardeal referiu: Eu diria para não cair no individualismo da sociedade moderna, mas ao contrário. Lembrar que, como Igreja, somos povo de Deus, somos comunidade. E como nos disse o Papa São João Paulo II, a Igreja tem que ser casa de comunhão e escola de comunhão. Num mundo onde cada um procura fechar-se nos seus próprios limites, a Igreja está chamada a ter um abridor de latas na mão para ir abrindo essas áreas.

O problema do carreirismo dentro da Igreja não está confinado apenas à Cúria Romana, mas é transversal a toda a Igreja. Vai desde as instituições religiosas até aos sacerdotes que exercem enquanto representantes da Igreja de Roma. O Papa Francisco manifestou, desde o princípio do seu pontificado, o desejo de encetar uma reforma profunda da Igreja em quase todos os aspetos, mesmo correndo o risco de oposição dentro da mesma.
É necessário que bispos e sacerdotes sigam a linha orientadora de Francisco e tenham a coragem de se reformar, passando a sua ação a ser medida pela misericórdia, pela alegria da missão, mas principalmente pelo serviço em prol dos pobres. a Igreja só será exemplo concreto de missão perante os cristãos desde que assuma estas premissas.

Bispos e sacerdotes são chamados a exercer a gestão de valores patrimoniais, ou outros, e têm uma grande responsabilidade na forma como administram esses recursos, quer no aspeto coletivo, quer individual. Felizmente que há exemplos muito edificantes, em que a pessoa humana é considerada prioritária – conhecemos muitos casos – mas ainda subsistem velhos hábitos de egoísmo coletivo e individual que em nada abona quem o pratica. Todos aqueles que servem a Igreja, a exemplo de Cristo, devem utilizar todos os meios necessários e adequados em favor dos que mais necessitam.
a pregação do evangelho de pouco servirá se não for acompanhada pelo exemplo de vida. a transparência e seriedade na gestão dos bens materiais implica duas coisas: ou é feita em consciência e merece ser dignificada, ou não é, e sofre as críticas que não desejamos.
Reformar o ser humano é preciso, mesmo que seja necessário prescindir dos interesses pessoais ou de grupo, afinal a Igreja é Mãe, ou apenas será para alguns? Pela pregação e exemplo de vida, o Papa Francisco confirma que a Igreja é mesmo Mãe para todos.