Como diz o Papa, é preciso sermos «ousados e criativos nesta tarefa de repensar os objectivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores das respectivas comunidades
Como diz o Papa, é preciso sermos «ousados e criativos nesta tarefa de repensar os objectivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores das respectivas comunidades a proclamação, pelo Papa Francisco, de um ano jubilar da misericórdia, recoloca no centro a palavra-chave do pontificado, ainda curto no tempo mas intenso na proposta: a misericórdia, mais do que a lei ou a moral, é o âmago do Evangelho. No início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte, escrevia Bento XVI na Deus Caritas Est (nº 1). No Evangelho, o sábado (a lei) é que foi feito para a pessoa e não o contrário; e cada apelo de Jesus à mudança de vida surge no contexto de um encontro intenso e não de uma proposta moralizante. O Papa Francisco não tem feito senão repetir essa mensagem. Dois anos depois da sua eleição, percebe-se que ele pretende levar a Igreja a um maior entusiasmo evangelizador, com o acolhimento e a misericórdia no centro; mas ainda não fomos capazes senão de bater palmas e dizer que o Papa é fantástico, sem mudar modos de agir e propostas pastorais. No próprio coração do Evangelho, aparece a vida comunitária e o compromisso com os outros, lê-se na Evangelii Gaudium (nº 177). Mas não reflectimos sobre como colocar as comunidades cristãs nessa perspectiva e não viver autocentradas, como tantas vezes acontece. O Papa estabelece uma relação clara entre o mandamento não matarás e a necessidade de dizer não a uma economia da exclusão e da desigualdade social’, que mata. Mas continuamos a ter cursos de Economia e Gestão das universidades católicas que preferem reproduzir esse modelo económico e financeiro do que criar alternativas – e até contratam para os seus quadros o ex-presidente da Comissão Europeia, símbolo dessa economia que mata. a pastoral missionária exige comunidades que sejam capazes de sair de si e abandonem o argumento de que se fez sempre assim (EG 33). Mas preferimos continuar a guardar as dez ovelhas que (ainda) temos do que ir procurar as 90 que não se sentem interpeladas pela beleza do Evangelho que não sabemos mostrar.como diz o Papa, é preciso sermos ousados e criativos nesta tarefa de repensar os objectivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores das respectivas comunidades. Uma identificação dos fins, sem uma condigna busca comunitária dos meios para os alcançar, está condenada a traduzir-se em mera fantasia. (EG 33)*jornalista do religionline. blogspot.pt. O autor escreve segundo a anterior norma ortográfica