O Papa Francisco assumiu em 2013, em encontro com 6. 000 jornalistas de todo o mundo recebidos no Vaticano: «Como eu gostaria de uma Igreja pobre, para os pobres». Todo o seu percurso de vida confirma esta prática inovadora e exemplar
O Papa Francisco assumiu em 2013, em encontro com 6. 000 jornalistas de todo o mundo recebidos no Vaticano: «Como eu gostaria de uma Igreja pobre, para os pobres». Todo o seu percurso de vida confirma esta prática inovadora e exemplar a eleição de Jorge Mario Bergoglio, em 13 de março de 2013, que escolheu,como papa, o nome de Francisco, pensando em Francisco de assis e no seu amor pelos pobres, criou fortes espetativas perante a Igreja e o mundo. Durante a primeira grande audiência aos componentes da comunicação social em Roma, ele indicou o programa de seu pontificado: Desejo uma Igreja pobre e para os pobres.
Dois anos volvidos são suficientes para confirmar que Francisco foi um arauto da revolução da doutrinação da Igreja, mais terra a terra, ou se quisermos, de uma forma mais personalizada e humana. Devido à sua forte personalidade e sentido humanista foi conquistando mesmo os corações mais empedernidos, graças a uma ação continuada em prol dos mais pobres e marginalizados. Por outro lado, o seu compromisso como homem de paz, evocado aquando da eleição pontifícia, foi demonstrado na prática diária ao promovê-la.

Como pontífice, começou por renovar alguma hierarquia da Igreja, nomeando cardeais de todos os continentes, sobretudo dos menos prováveis, de países pequenos e pobres, na periferia do mundo, como a ilha de Tonga, na Polinésia e o arquipélago de Cabo Verde. Estendeu a nomeação de purpurados a países onde a Igreja católica tem sido discriminada e perseguida, como Hanói (Vietname) e Yangon (Myanmar). Em Itália nomeou cardeais provenientes de dioceses não cardinalícias, como ancona e agrigento. as suas posições representam uma verdadeira revolução e respondem ao sonho de uma Igreja pobre para os pobres. Já a sua radicalidade e coerência evangélica fazem dele o personagem mais apreciado e amado do mundo.

Entre as muitas iniciativas que promove, pela paz e desenvolvimento, impressiona o que ele conseguiu fazer contra as velhas e novas formas de escravidão. Os signatários do acordo que ele propôs são representantes de religiões que contabilizam mais de dois biliões e meio de fiéis. Graças a Bergoglio reuniram-se em Roma a Hindu Mata amritanandamayi (amma), considerada um guru e um Mahatma, também conhecido como a santa do abraço, dois líderes budistas, dois rabinos, o Patriarca ecuménico ortodoxo, um imã, dois aiatolas, um xeique e o arcebispo anglicano de Canterbury. Todos disponíveis a assinarem e a apresentarem ao mundo uma declaração que tem o objetivo de erradicar, no período de cinco anos, o horror das novas formas de escravidão. Da prostituição ao trabalho infantil, da exploração económica e sexual aos exércitos que usam crianças para lutar. assim, Francisco conseguiu montar uma espécie de ONU das religiões para combater a barbárie e extinguir definitivamente a escravidão.

Francisco reafirmou, já este ano, a opção pelos pobres e rejeitou a colagem ao comunismo em entrevista que concedeu ao jornal italiano La Stampa. a atenção pelos pobres está no Evangelho, não é uma invenção do comunismo, declarou aos jornalistas andrea Tornielli, vaticanista e coordenador do portal Vatican Insider, e Giacomo Galeazzi, vaticanista do jornal La Stampa.
O Papa enfatiza que a atenção pelos pobres faz parte da tradição da Igreja e que é preciso não a ideologizar, porque tem a sua origem documentada nos primeiros séculos do Cristianismo. Recorda que o Evangelho não condena os ricos, mas a idolatria da riqueza, que os torna insensíveis aos gritos dos pobres.
Para ele, a Igreja não é só a hierarquia. Esta é apenas um conjunto de serviços instituídos para escutar, animar e orientar as comunidades cristãs. Estas têm de viver na transformação do mundo, a partir dos excluídos, dos pobres, de todas as periferias, esta é a grande mensagem de Francisco. Uma santa Páscoa para todos!