Outrora os mais velhos eram tratados com carinho e respeito. atualmente a sociedade já não olha para eles da mesma forma. a esperança média de vida aumentou, mas não as condições para que as pessoas possam viver com dignidade
Outrora os mais velhos eram tratados com carinho e respeito. atualmente a sociedade já não olha para eles da mesma forma. a esperança média de vida aumentou, mas não as condições para que as pessoas possam viver com dignidadePortugal não deve orgulhar-se do lugar que ocupa nesta estatística. Em 40 anos, passou de país com a maior taxa de natalidade da Europa para detentor da taxa de natalidade mais baixa. Em termos de natalidade e envelhecimento, onosso país carece de boas práticas, mas sobretudo de políticas à altura, para enfrentar com êxito um problema que se põe a nível mundial, mas mais comum na velha Europa. Será oportuno recordar que, em 2012, já batemos o recorde da mais baixa natalidade de sempre, o que, adicionado a uma esperança média de vida em crescendo, já exigia um plano estratégico para enfrentar um desafio de tão elevada monta.

a crise económica que se abateu sobre o país agudizou as condições económicas e sociais das famílias e no seu seio diminuíram as possibilidades de gerar novas vidas, pois a maior parte destas não têm o suficiente para arrostar com as necessidades do dia a dia. Mais ainda, com o desemprego de um membro do casal -e em casos em que tal desdita aconteceu aos dois -surgiram graves problemas que muitos não conseguiram superar, obrigando-se a recorrer à caridade alheia para sobreviver. É neste contexto que os mais idosos -pais, tios, avós – são chamados a fazer parte do apoio de milhares de famílias, de suprir por vezes necessidades prementes, quando já se encontram numa fase da vida em que eles próprios precisavam de viver com alguma tranquilidade.

a falta de apoio à política de natalidade em Portugal é evidente. Nos países escandinavos, foram adotadas políticas sociais baseadas em que mulheres e homens têm direito ao trabalho e à família e que as crianças devem ser protegidas por todos e são uma responsabilidade da sociedade, como confirmou a investigadora Maria João Valente. Em Portugal, e de acordo com dados estatísticos conhecidos, verificamos que as mulheres trabalham muito mais tempo do que as suas homólogas da União Europeia a 27. a realidade do mercado de trabalho em Portugal faz com que as mulheres adiem cada vez mais a idade de gerar o primeiro filho e tenham como opção ficar apenas com um, embora desejassem ter mais se as condições fossem outras.como consequência da ausência de condições, a idade de maternidade aumentou em média seis anos, para cima dos 30 anos.

Portugal chegará a 2060 com 8,5 milhões de habitantes, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística. O mundo terá quatro milhões de portugueses a menos no final do século se o Governo do país não fizer algo. Em questão demográfica, Portugal está em alerta supervermelho. Será um país insustentável, alertou Joaquim azevedo, coordenador de um grupo de especialistas do projeto Portugal amigo das crianças, da família e da natalidade (2015-2035). O projeto inclui medidas de apoio a mulheres trabalhadoras para que possam exercer a sua maternidade em melhores condições. No entanto, Joaquim azevedo é perentório: Para que o plano tenha efeito, tem de ser encarado como um objetivo nacional e prioritário, acima dos interesses eleitorais.

Temos assim um Portugal envelhecido dado que a evolução demográfica, no passado recente, pautou-se por um gradual aumento do peso dos grupos etários seniores e uma redução da população jovem. O efeito cumulativo da diminuição das taxas de mortalidade e de natalidade ao longo de várias décadas tem vindo a alterar o perfil demográfico da população portuguesa, cujo traço mais marcante é o progressivo envelhecimento da sociedade. Perante esta realidade, a conclusão é óbvia: a população portuguesa está a estagnar, a envelhecer e com falta de ativos para suportar os custos do envelhecimento. Nunca foi tão necessário atacar o problema de frente e criar condições aos mais velhos para que possam ter um final de vida com dignidade.