Nos tempos conturbados da guerra, artur Marques viu-se, por vezes, cercado pelo fogo. a sua paróquia foi atacada pelos militares e deu abrigo a muitos portugueses, que se refugiaram na Igreja
Nos tempos conturbados da guerra, artur Marques viu-se, por vezes, cercado pelo fogo. a sua paróquia foi atacada pelos militares e deu abrigo a muitos portugueses, que se refugiaram na IgrejaChegou a fazer mais de 7. 000 quilómetros de carro, sozinho. acolheu portugueses na Igreja da sua paróquia, no tempo quente da guerra civil, e andou no meio do fogo cruzado. Mas simplifica a sua própria história, ao resumir numa frase os 50 anos de missão em Moçambique: Não fiz milagre nenhum artur Marques nasceu há 78 anos na Caranguejeira, uma freguesia do concelho de Leiria que entregou muitos dos seus conterrâneos aos desígnios do sacerdócio. ainda catraio, quarta classe acabada de concluir, deixou-se enternecer pelas palavras sábias e evangélicas de um padre italiano que tinha ido à paróquia em busca de candidatos a missionários. Daí até à entrada no Seminário dos Missionários da Consolata, em Fátima, foi um pequeno passo. Em 1956 já estava a caminho de Itália, para concluir os estudos e fazer o noviciado, e oito anos depois era ordenado sacerdote. a verdadeira aventura missionária começou em 1965, com a chegada a Moçambique. Já passou pelas missões de Inhambane, Nampula, Mambone e Maputo, foi pároco, formador e responsável pela Salina de Batanhe, explorada pelo Instituto Missionário da Consolata. Vivi de tudo um pouco, mas não fiz milagre nenhum. Limitei-me a estar com as pessoas, a trabalhar com elas e a aprender com elas, recorda o sacerdote à Fátima Missionária. Nos tempos conturbados da guerra, artur Marques viu-se, por vezes, cercado pelo fogo. a sua paróquia foi atacada pelos militares e deu abrigo a muitos portugueses, que se refugiaram na Igreja. Chegou a ter que percorrer distâncias superiores a 7. 000 quilómetros de carro, sozinho, enfrentando as armadilhas de estradas mal cuidadas e os perigos de um conflito armado cruel. Mas até a isso reage com simplicidade e algum humor: estive no centro da fogueira e nunca me queimei. Quanto ao futuro do país, o sacerdote considera haver um campo aberto de trabalho, quer a nível pastoral, quer a nível de formação. É preciso continuar a trabalhar para evitar que o país se divida ao meio, com muçulmanos de um lado e cristãos do outro, e ajudar aquela gente nos estudos, de forma a serem eles a assumir a continuidade da sua nação, diz o missionário, que este ano completa 50 anos de serviço pastoral em Moçambique.