a violência parece não ter limite, atingindo essencialmente os elos mais fracos da nossa sociedade. Fala-se mais de violência doméstica e menos dos graus etários atingidos, nomeadamente das pessoas idosas, as mais indefesas
a violência parece não ter limite, atingindo essencialmente os elos mais fracos da nossa sociedade. Fala-se mais de violência doméstica e menos dos graus etários atingidos, nomeadamente das pessoas idosas, as mais indefesas a violência, seja ela qual for, é sempre condenável e ainda muito mais quando os atingidos são pessoas com idade avançada. a associação Portuguesa de apoio á Vítima (aPaV) fez sair recentemente um relatório onde engloba o apoio prestado desde 2000 a 2012. Neste regista um total de 7 058 processos de apoio de pessoas idosas vítimas de crime e de violência. Este número revela um aumento percentual de 179% entre o ano de 2000 e 2012. Para o mesmo período, a aPaV assinalou 14 139 fatos criminosos.

No que diz respeito ao perfil da vítima, esta é geralmente do sexo feminino (cerca de 82,2%), com idades compreendidas entre os 65 e os 75 anos. Já o autor do crime é em cerca de 68% das situações do sexo masculino e com uma média de idades (21,6%) superior aos 65 anos de idade. a relação da vítima com o autor do crime é, em muitas das situações sinalizadas, uma relação de conjugalidade (25,7% dos casos).
a investigação revela que a maior parte da violência contra idosos (as) ocorre em casa. De acordo com a aPaV (2006), a residência comum (entre vítima e agressor) é o local, por excelência, onde a violência ocorre, com mais de 57% do total assinalado.
Esta estatística, embora correspondendo apenas ao acompanhamento dos casos que é feito pela associação, poderá ser apenas um indicador, pois há muitos casos que não chegam ao conhecimento da associação e/ou das autoridades.

Convém lembrar que a violência contra pessoas idosas pode ocorrer através de maus tratos físicos, psicológicos, sexuais ou através de abuso financeiro, negligência ou abandono. Na verdade, os idosos (as) experienciam desafios acrescidos face a outras vítimas e que acabam por colocá-los numa posição mais vulnerável para a vitimação, como por exemplo: isolamento social e doença mental (e. g. : alzheimer); dependência, total ou parcial, do agressor, para cuidados diários, como refeições, mobilidade e acesso a dinheiro e medicação; se coabitar com alguém com dependência de substâncias pode aumentar o risco de serem vítimas de violência.

a violência contra pessoas idosas constitui um problema de saúde pública numa sociedade envelhecida. a dimensão do problema exige a realização de estudos que permitam um maior conhecimento deste fenómeno na sociedade portuguesa. avaliando os riscos a que uma pessoa idosa está exposta tal permitirá uma melhor intervenção e delineação de planos de segurança pessoal.
Um aspeto importante é caraterizar a violência intrafamiliar. Esta passa por toda ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de outro membro da família. Violência intrafamiliar é aquela que acontece dentro da família, em casa ou fora dela, ou seja, nas relações entre os membros da comunidade familiar, formada por vínculos de parentesco natural (pai, mãe, filho (a) ou civil (marido/esposa, nora/genro ou outros), por afinidade (por exemplo, o primo ou parente do marido/da esposa) ou afetividade (amigo ou amiga que more na mesma casa ou cuidador).

apontamos a violência intrafamiliar também para dar abertura a outro aspeto mais badalado. Trata-se da violência doméstica. Contudo, este tipo de violência sobre as mulheres (que tem crescido nos últimos anos, talvez também fruto da crise económica que atravessamos) aufere de maior proteção e conhecimento geral. É considerado um crime de natureza pública, tornando a sua denúncia obrigatória e portanto também tendo uma maior eficácia no acompanhamento e resolução, graças à força da Lei aprovada em 2008.
a violência doméstica é uma chaga nacional, mas a mais grave é aquela que é praticada em relação aos idosos e crianças, que são menos denunciadas. Uma sociedade justa tem que proteger os mais fracos, convém não esquecer, pois é essa a obrigação de todos nós.