O documentário «Padre nas Prisões» será apresentado em Lisboa. O filme mostra a vida de João GonçAlves, que se dedica à assistência espiritual e religiosa nas cadeias
O documentário «Padre nas Prisões» será apresentado em Lisboa. O filme mostra a vida de João GonçAlves, que se dedica à assistência espiritual e religiosa nas cadeiasJoão GonçAlves, sacerdote na diocese de aveiro e coordenador da Pastoral Penitenciária da Igreja Católica, tem 70 anos de idade e entra nas cadeias há mais de 40. a sua vida é agora dada a conhecer no documentário Padre nas Prisões. O filme, produzido pelas irmãs Inês e Daniela Leitão, será oficialmente apresentado esta sexta-feira, 20 de fevereiro, em Lisboa, assinalando o Dia Internacional da Justiça Social.
Para o religioso, o documentário que foca a sua história é uma ótima oportunidade de falar de prisões e de presos e de trazer ao de cima um campo que é muito silenciado na sociedade. Em declarações à agência Lusa, João GonçAlves disse que nunca procura saber o que levou determinada pessoa à cadeia, e sublinha a importância de ouvir todos com o mesmo respeito e compaixão. Interessa-me mais a pessoa do que o ilícito que tenha cometido, porque a pessoa vale muito mais do que o seu crime, referiu.
O sacerdote da diocese de aveiro reclama mais atenção à realidade prisional. Temos de estar mais atentos e olhar para as cadeias onde estão pessoas que sofrem, que muitas vezes foram vítimas do seu próprio crime, pelo ambiente e pelo trabalho que não tiveram, por uma sociedade que nem sempre os acolheu, nem compreendeu as suas carências ou dificuldades, realçou.
O responsável lamentou a mentalidade ainda muito vindicativa dos cidadãos portugueses que leva à defesa de penas de prisão mais pesadas ou mesmo a que se fale de prisão perpétua ou pena de morte. Isso é o desesperar da pessoa. a pessoa é sempre possível de ser recuperada, pode demorar mais tempo, podemos ter de envolver mais pessoas, mais meios, mas a pessoa pode ser recuperada, destacou.
João GonçAlves recordou episódios que acontecem nas cadeias e que deixam os sacerdotes em silêncio e comovidos como os casos daqueles que tiveram de roubar para alimentar os filhos ou a mãe e irmãos. O religioso sonha no futuro com um país sem prisões, à semelhança do que acontece em alguns países nórdicos. Para isso está a trabalhar num projeto de formação vocacionado para reclusos e orientado para lhes garantir emprego, contando, para isso, com a ajuda de um grupo de empresários.