a semana passada foi divulgado pelo Instituto Nacional de Estatí­stica (INE) os resultados do inquérito às Condições de Vida e Rendimento realizado em 2014, relativo ao ano de 2013, que indica a subida do risco de pobreza em Portugal
a semana passada foi divulgado pelo Instituto Nacional de Estatí­stica (INE) os resultados do inquérito às Condições de Vida e Rendimento realizado em 2014, relativo ao ano de 2013, que indica a subida do risco de pobreza em PortugalOs números de pessoas em risco de pobreza continua em crescimento, já afetam cerca de dois milhões de portugueses segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), isto apesar do aumento do contributo das transferências sociais, relacionadas com a doença e incapacidade, família, desemprego e inclusão social para a redução do risco de pobreza. Este aumento abrangeu todos os grupos etários, tendo sido mais elevado no caso das/os menores de 18 anos. a presença das crianças num agregado familiar está associada ao aumento do risco de pobreza, sendo de 23,0 por cento para as famílias com crianças dependentes e de 15,8 por centopara as famílias sem crianças dependentes. Mantem-se o aumento significativo da insuficiência de recursos da população em risco de pobreza (30,3 por cento), com um novo agravamento do défice de recursos: 2,9 por centoentre 2012 e 2013.
as pensões de reforma e sobrevivência contribuíram para um decréscimo do risco de pobreza em 21,0 pontos percentuais, sendo que, segundo o INE, sem estas prestações e sem os apoios sociais 47,8 por centoda população residente em Portugal estaria em risco de pobreza em 2013. São números assustadores que merecem uma ponderação adequada.

Perante os dados conhecidos através do INE, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho (PPC), afirmou (em Fátima) que os dados do Instituto Nacional de Estatística sobre o risco de pobreza são um eco do que o país passou, mas não a situação atual. a notícia, como eu referi, que veio ontem (sexta-feira) divulgada pelo INE é um eco daquilo por que passámos; não é a situação que vivemos hoje, reporta-se àquilo que foi a circunstância que vivemos, nomeadamente em 2013 que foi, talvez, o ano mais difícil em que o reflexo de medidas muito duras tomadas ao longo do ano de 2012 acabaram por ter consequências, referiu Passos Coelho. ao admitir que durante esses anos houve um risco de pobreza maior e setores sociais que ficaram mais pobres, o primeiro-ministro foi mais realista, o que já não acontece ao dizer que os dados do INE são um eco, mas não a situação atual. Parece pouco correta esta afirmação, pois ao inverso do que pretendeu dar a entender, a situação presente deverá ser pior da existente nos dados do INE. Para reforçar esta tese bastará lembrar a continuidade elevada do desemprego, levando ao baixo poder de compra e sustentabilidade, e a falta de reformas estruturais da economia.

Em relação a uma das consequências mais graves da pobreza, a fome, vivida em Portugal, Manuel Lemos, presidente da União de Misericórdias, fez a semana passada uma afirmação em entrevista ao jornal i que roça, no mínimo, a falta de bom senso, tendo em conta sobretudo a posição que ocupa. Não é de bom-tom afirmar que em Portugal, só passa fome quem quer, mesmo que tenha como base o fato de as Misericórdias ajudarem diariamente 150 mil pessoas. E os outros, aqueles que não podem recorrer, por diversos motivos, a essas instituições?Não temos dúvida em relação ao excelente trabalho destas instituições portuguesas, mas daí a produzir afirmações deste tipo, nada o justifica.
O presidente das Misericórdias questionado em relação à resposta que estas dão aos pedidos de ajuda referiu que esta situação levou a uma enorme descapitalização das Misericórdias, temos muitas Misericórdias nas lonas. Logo, deduzimos que de acordo com os meios possíveis não seria possível afirmar que só passa fome quem quer.