Bento XVI espera uma Igreja com renovado “compromisso missionário” após o Sínodo dos Bispos reunido em Roma para reflectir sobre o tema ” a Eucaristia: fonte e cume da vida da Igreja”.

Bento XVI espera uma Igreja com renovado “compromisso missionário” após o Sínodo dos Bispos reunido em Roma para reflectir sobre o tema ” a Eucaristia: fonte e cume da vida da Igreja”.
ao saudar os peregrinos congregados este Domingo na Praça de São Pedro, para a recitação do angelus, o Papa pediu a oração dos católicos de todo o mundo para que o Sínodo possa dar os frutos esperados.
Bento XVI revelou que esta assembleia, sobre a Eucaristia na vida e missão actuais da Igreja, constitui sua actividade prioritária nestes dias. Presidi às reuniões da primeira semana e também nas próximas duas o Sínodo será o meu principal compromisso, reconheceu.
a assembleia sinodal concluir-se-á a 23 de Outubro, Dia Mundial das Missões. Esta coincidência levou o Papa a propor que o Sínodo renove em toda comunidade eclesial o compromisso missionário.
Recordando a carta apostólica de João Paulo II Mane nobiscum Domine, que marca a celebração do ano da Eucaristia, Bento XVI indicou que o encontro com Cristo, aprofundado continuamente na intimidade eucarística, suscita na Igreja e em cada cristão a exigência de evangelizar e dar testemunho.
O Papa pediu a intercessão de Maria e de São Daniel Comboni, fundador dos Missionários Combonianos, que é recordado esta segunda-feira pela Liturgia. Que ele, insigne evangelizador e protector do continente africano, ajude a Igreja do nosso tempo a responder com fé e coragem ao mandato do Senhor ressuscitado, que a convida a anunciar a todos os povos o amor de Deus, concluiu.
Sínodo da Eucaristia
Concluída a primeira das três semanas do Sínodo dos Bispos, fica claro que as intervenções dos padres sinodais cumprem o plano indicado pelo instrumento de trabalho, dedicado à Eucaristia.
Num primeiro balanço cabem sete temas, segundo Isidro Catela, encarregado do briefing informativo aos jornalistas de língua espanhola. Em declarações à agência Zenit, Isidro Catela adverte que estes temas não esgotam o Sínodo, mas foram os mais mencionados pelos padres sinodais na primeira semana. Estes e não outros porque se está a seguir o Instrumentum laboris, ou seja, o texto-base divulgado alguns meses antes da reunião de bispos de todo o mundo no Vaticano.
assim, o tema que mais interesse suscitou na primeira semana foi o da dimensão sacrificial da Eucaristia , tema também abordado pelo Papa Bento XVI na sua intervenção livre na passada quinta-feira. Sacrifício e banquete foram duas palavras utilizadas com frequência pelos padres sinodais, que, a propósito, falaram das experiências de martírio contemporâneo, não só de pessoas conhecidas mas também do sofrimento quotidiano de tanta gente.
O segundo tema foi o das finalidades da Eucaristia , a sua dimensão vertical – encontro com Deus – e a sua dimensão horizontal – comunitária – num mundo com fome material e espiritual. Encaixa-se aqui a questão da Eucaristia e implicações na vida quotidiana, de que se fala no número 73 do Instrumentum laboris. Nele faz-se referência à coerência de políticos e legisladores crentes, assim como o compromisso de todo o cristão na vida pública.
O terceiro tema está relacionado com questões normativas e de abusos, com algumas referências ao Concílio Vaticano II e também ao Concílio de Trento no que concerne à presença real da Eucaristia.
a ars celebrandi ou arte da celebração é o quarto tema que Isidro Catela destaca ao resumir a primeira semana do Sínodo dos Bispos. Neste âmbito discutiu-se, por exemplo, a oportunidade de receber a comunhão na mão ou na boca, o lugar central que o sacrário deve ter numa igreja ou a necessidade da adoração e do silêncio.
O quinto tema é o do diálogo ecuménico e a inter-comunhão, isto é, a possibilidade de dar a comunhão sacramental a cristãos não católicos. Este assunto despertou um grande interesse, e variado, nas intervenções livres dos padres sinodais, segundo Catela. Este comentador indicou que também esteve em discussão o contexto da secularização e indiferença religiosa, assim como as liturgias sem a presença de sacerdotes e o celibato dos padres católicos. Há a convicção de que urge promover o celibato na Igreja latina, diz Catela.
O sexto tema diz respeito à relação da Eucaristia com os demais sacramentos, pois a Eucaristia é o sacramento dos sacramentos. Os padres sinodais, conta Catela, querem que se insista particularmente na relação Eucaristia e Penitência e que se faça uma catequese integral, capaz de vincular os diferentes sacramentos entre si. Um bispo pediu que se convoque um ano da Penitência; outros, que se prolongue o ano Eucarístico e que se relacione com a Família.
O sétimo e último tema é o da reconciliação que deve levar à paz. Os padres sinodais insistiram na necessidade de que a Igreja seja instrumento de reconciliação e que a Eucaristia sirva como experiência. através de alguns bispos de países africanos foi possível saber que a Eucaristia é o único ponto de encontro entre etnias, mesmo entre aquelas que frequentemente se envolvem em confronto.
Vários padres sinodais pediram que se faça uma menção, na mensagem final, a Jerusalém e à Terra Santa, pelo seu vínculo com a Eucaristia e com a ânsia de paz.
Um dos momentos grandes do Sínodo aconteceu quando Bento XVI decidiu tomar a palavra, numa das sessões de intervenções livres, para falar sobre a dimensão sacrificial da Eucaristia. a intervenção foi classificada como uma intervenção estupenda, de grande teólogo, mas não foi publicada pela Santa Sé.
O Papa decidiu, por outro lado, aceitar a sugestão dos padres sinodais e propor uma hora de adoração eucarística na Basílica de São Pedro. O acto será presidido pelo próprio Bento XVI, na segunda-feira 17 de outubro, das 17h00 às 18h00.
agência Ecclesia