Em dezembro de 2014, o Papa e vários líderes religiosos mundiais assinaram uma declaração conjunta pela erradicação da escravatura até 2020
Em dezembro de 2014, o Papa e vários líderes religiosos mundiais assinaram uma declaração conjunta pela erradicação da escravatura até 2020Diz-se nos livros de História que a escravatura já acabou há muito tempo. Mas não é verdade. No século XXI há mais escravos do que em qualquer outra época da história mundial. Novas formas de escravatura têm surgido, porventura menos visíveis, mas igualmente indignas do nosso tempo: o tráfico de seres humanos para a exploração sexual e laboral, o tráfico de pessoas para a venda de órgãos humanos, a exploração laboral dos trabalhadores migrantes, a escravatura sexual na prostituição, o uso de crianças em conflitos armados e em redes de pornografia infantil. a organização não governamental Free The Slaves (FTS)estima em 27 milhões o número destas vítimas, sujeitas a formas abomináveis de escravatura. Em dezembro de 2014, o Papa e vários líderes religiosos mundiais assinaram uma declaração conjunta pela erradicação da escravatura até 2020. Declarando-a uma iniciativa histórica, Francisco afirmou: Trabalharemos juntos para erradicar o terrível flagelo da escravatura moderna, em todas as suas formas: a exploração física, económica, sexual e psicológica de homens, mulheres e crianças agrilhoa dezenas de milhões de pessoas à desumanização e à humilhação. Chamou-lhe crime contra a humanidade que se disfarça em aparentes situações normais, mas se esconde atrás de portas fechadas, em casas privadas, nas ruas, nos automóveis, nas fábricas, no campo, em barcos pesqueiros e em muitos outros lugares. Na sua mensagem para o 48º Dia Mundial da Paz, o Papa aponta as causas deste flagelo dos tempos modernos: a pobreza, a falta de acesso à educação, a inexistência de oportunidades de trabalho, as redes criminosas que gerem o tráfico de seres humanos, os conflitos armados, a violência, a criminalidade, o terrorismo e a corrupção. Situações degradantes que se verificam quando, no centro de um sistema económico, está o deus dinheiro, e não o homem, a pessoa humana. apelando ao empenho de todos, o Papa salientou o enorme e silencioso trabalho de muitas congregações religiosas, especialmente femininas, a favor das vítimas, por quem desenvolvem a sua ação com coragem, paciência e perseverança na sua reabilitação psicológica e reintegração na sociedade. Mas pede o mesmo empenho a nível institucional, porque só um esforço comum e global por parte dos diferentes atores que compõem a sociedade pode mudar a situação. Todos, aliás, são chamados a sacudir a indiferença e a tornar-se artífices duma globalização da solidariedade e da fraternidade. Não se pode fechar os olhos. Há que optar pelos pequenos gestos como dirigir uma palavra, trocar um cumprimento, dar os bons dias ou oferecer um sorriso. Têm imenso valor e não nos custam nada, podem dar esperança, abrir estradas e mudar a vida a uma pessoa.