Luzia sentia em si e à sua volta a presença do Senhor da Vida e sabia que também ela fazia parte de toda a beleza que a invadia
Luzia sentia em si e à sua volta a presença do Senhor da Vida e sabia que também ela fazia parte de toda a beleza que a invadiaLuzia fechou a porta de casa, deixando atrás de si a mesa posta e odores de jantar pronto para a família. De toalha ao ombro, dirigiu-se para a praia. Queria aproveitar o dia de folga para andar na areia. apetecia-lhe sentir a vida, intensa. Pelo caminho, cruzou-se com várias pessoas que saudou com gosto, agradecendo o prazer de saber quem são e poder tratá-las pelo seu nome. O mar estava um lago, refletindo o dourado de um sol no final de dia. Mergulhou nas águas cálidas e, deixou-se simplesmente embalar, não fosse o ruído dos seus movimentos perturbar todo aquele cenário encantado, posto ali como um presente à espera de quem o quisesse aceitar: era o mar na sua magia e os raios de sol como fios de bênçãos que ligam o céu à terra, a dança serena das ondas, a marcha ritmada de um casal na areia molhada em espelho de luz, com o horizonte multicolor a preparar-se para o sol-pôr… e o coração de Luzia a explodir de felicidade. Na encosta oposta ao sol poente, a lua cheia emergia, devagar, anunciando-se como a outra fase de um mesmo ciclo de beleza e cuidado divino. Só podia ser divino o que Luzia estava a viver: um presente de amor, feito à medida de preencher o seu sonho de infinito! ali, não havia tempo. Só havia uma corrente contínua de prazer. Luzia sentia em si e à sua volta a presença do Senhor da Vida e sabia que também ela fazia parte de toda a beleza que a invadia. Dentro de si, uma paz que a ultrapassava fez brotar um hino agradecido por todo aquele amor: Magnificat. Luzia riu-se: que ousadia fazer sua a canção de Maria!Olhou em seu redor e percebeu como todo o universo o adotara também, como a música perfeita de agradecimento ao seu Deus.com o sol a esconder-se na linha do horizonte, arrebatada pelo espetáculo, Luzia rompeu o silêncio e juntou-se à canção que sentia no ar: a minha alma glorifica o Senhor E o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador… O Senhor fez em mim maravilhas, Santo é o Seu nome… Quanto mais Luzia se abandonava àquela comunhão com tudo o que a rodeava, maior era a grandiosidade que percebia à sua volta, qual manifestação do universo que se enfeita para receber o Deus do amor que dá vida. Percebendo-O à sua volta, Luzia reconheceu-O dentro de si, onde sempre esteve, desde o princípio!E neste encontro, viveu a felicidade. Engrandecida no mais íntimo de si, Luzia regressou a casa. Levava o coração do tamanho do universo, ao som do Magnificat que, como música de fundo, a impelia para a realização das maravilhas em si, pelo amor.