Realizou-se em Maputo, Moçambique, o VI encontro das conferências episcopais dos países lusófonos.
Realizou-se em Maputo, Moçambique, o VI encontro das conferências episcopais dos países lusófonos. Os presidentes, vice-presidentes e secretários das conferências episcopais de Moçambique, angola, Brasil, Guiné-Bissau e de Portugal reuniram-se em Maputo de 6 a 9 de Setembro de 2005. Não estiveram presentes e justificaram a sua ausência os delegados de Cabo Verde e de São Tomé, assim como os de Timor-leste, país que nunca participou.
O encontro deixou claro o interesse dos episcopados, como revela o comunicado final, por um caminho de comunhão para valorizar e partilhar as metodologias de trabalho adoptadas; para conhecer melhor e apreender com a permuta de experiências e abrir-se à solidariedade inter-eclesial; assim como para procurar caminhos novos e mais eficazes de evangelização.
Para responder a estes interesses, os bispos definiram algumas tarefas com as quais se quer dar resposta aos desafios da evangelização nos países lusófonos. Elas são:
1. Reavaliar os processos pastorais e de evangelização. Os participantes do encontro constataram a falta de maturidade da fé e até a diminuição da mesma por parte dos fiéis, situação que exige novos processos de evangelização para travar o abandono da Igreja e a adesão aos novos movimentos religiosos de tipo pentecostal.
2. Formação permanente. acentua-se a necessidade de adoptar um programa de formação permanente dos fiéis, do clero e de todos os agentes da pastoral. Para o conseguir, os bispos consideraram necessário superar o subjectivismo e o relativismo dominante da cultura contemporânea; promover o ensino da doutrina social da Igreja para formar novas lideranças cristãs.
3. Formação de consciência crítica. Perante as sequelas da guerra e das lutas partidárias, assim como da corrupção e do clientelismo no exercício das funções públicas, a Igreja sente-se chamada a responder ao grito de dor do povo com a formação de uma consciência crítica que garanta um processo de educação para a paz, para a defesa e promoção dos direitos humanos, para a formação da consciência política dos cristãos. Esta consciência permite superar as lutas partidárias, empenhando-se na política ao serviço do bem do povo; partilhar com as outras religiões o espaço socio-político em defesa da dignidade da pessoa, cientes de que nem tudo o que é legalmente permitido é moralmente lícito.
4. Profetismo evangélico. Urge na Igreja, segundo os bispos que participaram no encontro, um novo profetismo capaz de promover novas iniciativas que minorem o flagelo da pobreza e que denuncie todas as situações geradoras de pobreza e injustiça. O profetismo da Igreja deve ajudar à sociedade a empenhar-se na luta contra a pobreza, a passar da técnica da amortização da divida externa à ética do compromisso para a erradicação da pobreza. a estas situações, junta-se o problema da falta de água, que pode vir a ser um verdadeiro drama para a humanidade, especialmente para os que carecem de capacidade financeira para a comprar. Os bispos propuseram-se promover uma reflexão sobre a água como bem necessário para todas as formas de vida e como um direito humano inalienável e que deve ficar fora de qualquer interesse mercantilista.
5. Fidelidade criativa. as Igrejas lusófonas, especialmente de África, encontram-se perante à necessidade de colaborar na construção de um futuro quer cívico, quer religioso, mas sem alienar os valores tradicionais da cultura africana. Esta atenção deve estar presente em todos os âmbitos da vida socio-política, religiosa e, com especial acento, na formação dos sacerdotes e dos agentes de evangelização.
Para concluir, o comunicado final dos bispos das Igrejas lusófonas sublinha ainda dois aspectos importantes na linha da mútua colaboração. O primeiro refere-se à importância de incentivar as chamadas escolas navegadoras para promover o acesso às novas tecnologias da comunicação para os estudantes das escolas paroquiais e das missões católicas. O segundo aspecto tem a ver com a partilha (online) dos materiais e comunicados das diferentes conferências episcopais, e com a unificação de critérios (ajudados pela Cáritas portuguesa, Fundação ajuda à Igreja que Sofre e Fundação Evangelização e Culturas) para promover a economia social e a promoção de centros comunitários de desenvolvimento, de modo a que o bem estar social atinja o maior número possível de pessoas.