«Preparai os caminhos do Senhor, endireitai as suas veredas», diz-nos João Batista no evangelho de domingo
«Preparai os caminhos do Senhor, endireitai as suas veredas», diz-nos João Batista no evangelho de domingoao darmos uma vista de olhos aos acontecimentos dos nossos tempos, vemos uma humanidade desregrada que não se importa que dentro de cada um dos seus membros vive a dignidade da imagem do Deus omnipotente que a criou. Uma humanidade que bastas vezes recusa as linhas mestras que devem guiar o seu comportamento: os Mandamentos da Lei do Senhor Deus. Uma humanidade onde uma pequena percentagem de altas montanhas, os ricos a nadar em grande facilidade económica, de muitas maneiras subjugam a maior parte da população forçando-a a viver nos estertores duma pobreza e miséria por vezes sub-humana. Dir-se-ia uma humanidade que perdeu a sua humanidade. Não é novidade na História, mas mais notável é ela nos nossos dias em que a ciência desenvolveu técnicas que poderiam dar a todos uma vida relativamente fácil e honesta. Uma humanidade cujo futuro esta situação põe em causa. Na primeira leitura (Isaías 40,1-5, 9-10) e no Evangelho deste domingo(Marcos 1,1-8), ouvimos os gritos de profetas a chamarem o mundo à conversão: Endireitar as veredas para o Senhor, clama João Batista no deserto. Que todo o vale (de pobreza) seja preenchido: que todo o monte e outeiro (de riqueza, avareza, querra, discriminação) sejam aplanados; que sejam nivelados os terrenos desiguais e os escarpados se tornem planície. Revelar-se-á então a glória do Senhor a toda a humanidade. É um toque de clarim, um chamada à sobrevivência da terra que Deus deu aos seres humanos. Gente há, e não são poucos, que escutam a Palavra, e fazem maravilhas a favor dos mais abandonados, aqui e em outras paragens do globo. Gente que escuta a palavra do Criador e Senhor Deus e a palavra dos profetas dos nossos dias. Só na oração a Cristo e com Cristo pode o homem encontrar forças para compreender a viver a irmandade que gera a justiça e a paz. Encerrado numa prisão nazista antes de ser executado em 2 de fevereiro de 1945, o jesuítapadre alfredo Delp escrevia sobre uma consciência burocrática desumanizada que praticava os crimes mais horrendos como se fossem parte dum ritual nobre e inteligente, sem querer pensar no absurdo, no horror e no pecado das suas ações. E ainda como o Caminho do advento leva ao necessário relacionamento justo entre criatura e Criador. Na oração coleta de hoje admitimos que só a sabedoria do alto pode levar-nos ao esplendor da Glória, a glória de Deus e a justiça-paz para a humanidade inteira. Ponto de honra para esta semana: advento é acordar em nós a mais profunda de todas as recordações:a memória dum Deus que quis ser criança.