Um estudo recente sobre a obesidade em crianças do primeiro ciclo, promovido pela Organização Mundial de Saúde, apresenta Portugal como um dos países europeus onde o excesso de peso é uma realidade premente
Um estudo recente sobre a obesidade em crianças do primeiro ciclo, promovido pela Organização Mundial de Saúde, apresenta Portugal como um dos países europeus onde o excesso de peso é uma realidade premente

Segundo o referido documento produzido pelo Sistema de Vigilância Nutricional Infantil (COSI Portugal), realizado em 2010, a obesidade afeta 14,6% das crianças portuguesas com idades entre os 6 e os 9 anos e 21% apresentam sinais de pré-obesidade. Este estudo indica que Portugal é um dos países onde o problema mais se acentua, como frisou ana Rito, investigadora do sistema de vigilância europeu da Organização Mundial de Saúde, ao Jornal de Notícias (JN). O COSI (Childhood Obesity Surveillance Initiative) é um sistema promovido pela Organização Mundial de Saúde e estuda, de forma padronizada, as crianças de dezassete países europeus (Bélgica, Bulgária, Chipre, República Checa, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Malta, Noruega, Portugal, Eslovénia, Suécia, Grécia, Hungria, Macedónia e Espanha).

Sendo a obesidade e excesso de peso nas crianças uma das grandes preocupações dos médicos e pais, o estudo MUN-SI, de que ana Rito é diretora – levado a cabo em cinco municípios portugueses – mostra uma realidade que tem passado despercebida: encontramos 39,4% que apresentam excesso de peso, sendo que destas, 15,8% são obesas. De acordo com a investigação as crianças obesas eram, na grande maioria, oriundas de famílias com rendimentos mais baixos.

No outro extremo verificamos que 44% das crianças estão mal nutridas e 4% apresentam magreza extrema. Os dados são referentes a uma amostra de cerca de cinco mil crianças de todo o país que frequentam o ensino primário. a investigadora refere que uma em cada três crianças tem excesso de peso e, apesar de terem passado três anos sobre este estudo, acredita que os níveis de obesidade infantil no país se manterão estabilizados.

Para dar resposta à doença que a Organização Mundial de Saúde considera como a epidemia global do século XXI, o programa MUN-SI para a promoção da saúde infantil em municípios lançou, na sexta-feira, dia 28 de novembro, a campanha alimente esta família. Segundo adiantou ana Rito, esta campanha, que decorrerá até abril de 2015, tem o objetivo de angariar fundos através de chamadas telefónicas (760 10 25 50) para depois levar a cabo ações de acompanhamento nutricional de famílias.com cada 200 euros angariados ajuda-se uma família durante seis meses, explicou. as famílias serão identificadas pelos municípios que queiram participar nesta campanha; eles têm um papel extraordinariamente importante porque conhecem as suas realidades e a sua comunidade, acrescenta.

O programa MUN-SI é coordenado pelo Centro de Estudos e Investigação em Dinâmicas Sociais e Saúde, em parceria com as autarquias e com o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, e conta com o apoio dos Ministérios da Educação e Ciência e também da Saúde.

Graças e este estudo de ana Rito, confirma-se que as crianças portuguesas, assim como as respetivas famílias, estão em polos opostos, enquanto umas passam fome, outras são obesas, ou para lá caminham. Qualquer das situações não são desejáveis e portanto é necessário avançar com medidas adequadas para inverter estes problemas.

a iniciativa da campanha alimente esta família poderá ser importante na medida em que é acompanhada por diversas instituições que, de certa forma, se complementam na gestão dos dois polos: luta contra a fome, mas também numa alimentação saudável. Para as famílias, na sua generalidade, esta campanha poderá ser positiva, independentemente de outras, o que deve levar as mesmas a participar de acordo com as suas possibilidades.