Se o terceiro milénio é o tempo dos leigos, das associações e dos movimentos eclesiais, qual será o lugar reservado às formas tradicionais de vida consagrada?
Se o terceiro milénio é o tempo dos leigos, das associações e dos movimentos eclesiais, qual será o lugar reservado às formas tradicionais de vida consagrada? Vezes sem conta o Papa Francisco tem apontado o caminho da atração e do contágio como caminho da nova evangelização e do crescimento da Igreja: a Igreja deve atrair. Despertai o mundo! Sede testemunhas de um modo diferente de fazer, de agir, de viver! É possível viver de outro modo neste mundo. [] Eu espero de vós um tal testemunho, disse ele aos superiores maiores dos institutos de vida consagrada. Confiando aos consagrados a tarefa de despertar o mundo, Francisco dá-lhes um verdadeiro programa para o ano da Vida Consagrada que terá início no próximo dia 30 de novembro. É uma enorme missão colocada em mãos e corações frágeis. Não se podem efetivamente esconder as dificuldades com que hoje se debatem os institutos de vida consagrada. as estatísticas alertam para uma diminuição das vocações, especialmente nos países mais secularizados da Europa e da américa, embora seja diversa a situação de alguns países da África ou mesmo da Ásia. Sem falar das situações de envelhecimento ou de abandono da vida religiosa por problemas afetivos, insatisfação ou cansaço, imaturidade pessoal, conflitos com os superiores ou crises de fé: problemas aliás que afetam outras instituições. Perante tudo isto, podemos perguntar-nos se a vida consagrada é ainda um testemunho visível e credível para o nosso tempo. Se o terceiro milénio é o tempo dos leigos, das associações e dos movimentos eclesiais, qual será o lugar reservado às formas tradicionais de vida consagrada? Respondem com a sua vida centenas de milhar de pessoas que, fiéis aos seus carismas, procuram responder diariamente aos desafios do nosso tempo, acentuando a primazia de Deus, na vivência dos conselhos evangélicos e na vida de fraternidade. De facto, a capacidade de resposta às urgências do mundo de hoje passa pela adesão radical a Cristo. Foi d’Ele que partiram os primeiros discípulos na Galileia e ao longo da história da Igreja, partiram homens e mulheres de todas as condições e culturas os quais, deixando família e pátria, seguiram-no incondicionalmente, tornando-se disponíveis para o anúncio do Reino e para fazer o bem a todos. É evidente que os serviços da vida consagrada, a solidariedade para com os pobres, a assistência aos marginalizados e doentes, o trabalho educativo e a missão nas periferias são obras e atitudes que a sociedade mais valoriza e são de facto uma manifestação credível do amor evangélico. Mas, atenção. Não se garante que quem aceita esse testemunho de serviço aceite também as convicções que estão por trás. Porque será que se admira o serviço social, mas não se quer viver como eles? O desafio de hoje na vida consagrada é o de oferecer com o serviço também aquilo que o explica e que motiva a consagração destas pessoas a Deus.