Responsáveis do setor social consideram «uma utopia» a meta nacional de retirar 200 mil pessoas da situação de pobreza nos próximos seis anos, se não forem alteradas as atuais políticas
Responsáveis do setor social consideram «uma utopia» a meta nacional de retirar 200 mil pessoas da situação de pobreza nos próximos seis anos, se não forem alteradas as atuais políticas Gostaria muito que isso fosse verdade, mas tudo o que tem acontecido até agora aponta para que estejamos a falar de uma vã utopia, afirmou o presidente da Cáritas Portuguesa à agência Lusa, esta quarta-feira, 15 de outubro, sublinhando que a meta traçada pelo governo para retirar pelo menos 200 mil pessoas da situação de pobreza, até 2020, é praticamente impossível de alcançar, se não houver uma ação concertada. Para que este objetivo seja atingido, é preciso que alguns renunciem a privilégios que têm tido e que haja uma maior redistribuição da riqueza existente, sublinhou Eugénio Fonseca, adiantando que a erradicação da pobreza exige medidas de justiça social, que passam pela criação de emprego, por uma melhor distribuição dos rendimentos e uma maior equidade fiscal. O presidente da Fundação aMI, Fernando Nobre, também considera difícil alcançar a meta proposta devido à situação económico-financeira do país e ao elevado nível de desemprego. O desemprego é efetivamente o grande flagelo, disse à Lusa o responsável, frisando que o número de desempregados tem vindo a descer lentamente, mas nunca é tido em conta que centenas de milhares de portugueses deixaram Portugal nos últimos seis anos. Já o padre Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), aponta para a necessidade de uma estratégia séria para lutar contra o flagelo da pobreza e da exclusão social, que deve passar por uma aposta no ordenamento do território e na educação. Na próxima sexta-feira, 17 de outubro, assinala-se o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.