a Igreja reconhece como santos aqueles que deram testemunho do Evangelho praticando o bem. Todos os santos se entregaram ao serviço da fé, mas tendo como objetivo a pessoa, enquanto ser criado por Deus
a Igreja reconhece como santos aqueles que deram testemunho do Evangelho praticando o bem. Todos os santos se entregaram ao serviço da fé, mas tendo como objetivo a pessoa, enquanto ser criado por Deus

Para além dos santos reconhecidos pela Igreja católica como tal, sempre houve muitos outros que desconhecemos, mas que pela sua postura em prol do próximo podemos considerá-los como exemplos a seguir. Esta lista hipotética de santos desconhecidos será porventura cada vez maior, e poderemos mesmo incluir os que não professam exclusivamente o catolicismo. Muitos seguem outras religiões, mas reconhecem e praticam os mesmos valores defendidos pelos cristãos. O conceito de santo, enquanto pessoa de bem, não se confina exclusivamente a valores religiosos, mas também a valores humanistas, ou seja, quando o objetivo da ação deste é ajudar o outro.

Os considerandos acima pretendem, de alguma forma, abrir caminho para chamarmos a atenção para um novo modelo de santos que está a surgir sobretudo entre missionários, padres e leigos, mas também voluntários, que saem de Portugal e rumam a outros países para trabalhar. Uns no ensino, outros na transmissão da fé, mas também na saúde e em tantos outros campos. África continua a ser o principal destino destes obreiros de santidade. Naquele continente, onde normalmente encontram carências de toda a ordem, desenvolvem a sua atividade no sentido de ajudar aqueles que precisam não apenas de bens materiais, mas ainda do alimento espiritual que muitos desconhecem. a esse trabalho é usual designar como missão.

Estamos convitos de que é necessário ter grande coragem para que as pessoas deixem família, amigos e o conforto das suas vidas para se aventurarem – sim, é mesmo uma autêntica aventura – a caminho do desconhecido. apesar disso, muitos dão esse passo. Mas havíamos referido que há novos santos que estão a despontar e poderemos encontrá-los sem dificuldade de entre aqueles que fizeram a sua entrega total ao serviço das pessoas, de tal forma que acabam por dar a vida por elas.

a comunicação social tem dado maior eco ao surto de ebola que assolou os países africanos. De acordo com informações da Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de mortos devido ao surto de ebola na África Ocidental subiu para pelo menos 3. 091, de um total de 6. 574 casos prováveis, suspeitos e confirmados.

a maior parte das populações em África teme as consequências deste vírus, mas a verdade é que aqueles que estão em missão estão sujeitos à mesma provação. Dois sacerdotes missionários espanhóis, Miguel Pajares e Manuel García Viejo, este último especializado em medicina tropical e que trabalhava em África há 30 anos, foram vítimas tendo contraído o vírus mortal. Estes dois missionários deram a vida pela fé e possivelmente outros virão a ter o mesmo destino, independentemente da sua condição. Em África há médicos, enfermeiros, missionários e muitos voluntários de instituições não-governamentais (ONG) que estão a trabalhar no terreno e que não estão imunes ao possível contágio.

Utilizamos a expressão de santos pouco conhecidos, tal como poderíamos ter empregado outro termo. Todos somos capazes de encontrar a santidade naqueles que praticam o bem. É graças a estes santos desconhecidos, e de cujo número todos nós podemos fazer parte, que a humanidade poderá encontrar um caminho diferente em que o amor predomine. Havendo amor, a paz também surge naturalmente e o caminho para a fé no Redentor torna-se mais fácil, apesar dos espinhos que diariamente encontramos e que fazem sofrer cada um de nós. O primeiro passo para a santidade passa pela nossa entrega ao serviço dos outros, mas também por fazê-lo com amor, tal como Cristo o faria.