«Feito todo o percurso como escuteiro, sabia que tinha de ensinar aos mais novos aquilo que tinha aprendido para que também eles pudessem ter uma vivência recheada de aventuras e histórias»
«Feito todo o percurso como escuteiro, sabia que tinha de ensinar aos mais novos aquilo que tinha aprendido para que também eles pudessem ter uma vivência recheada de aventuras e histórias»O Escutismo entrou na minha vida aos 13 anos, quando na minha paróquia, Barosa (Leiria), o pároco decidiu criar um agrupamento de escuteiros. Se nos primeiros tempos era um pretexto para um grupo de miúdos se juntar a jogar à bola, com o tempo e depois de incentivados a ler o Escutismo para Rapazes, percebemos que poderíamos fazer muitas outras coisas.como naquele tempo ainda não tínhamos dirigentes, era entre nós que combinávamos as atividades, e umas patrulhas preparavam as pistas, as caminhadas e os jogos para as outras patrulhas participarem. Depois foram recrutados os primeiros dirigentes e aventura escutista foi-se tornando cada vez mais séria, tornando-se num compromisso para todos. Fiz todo o percurso de explorador a caminheiro, tendo sido quase sempre guia de patrulha ou equipa. Dos tempos como escuteiro recordo as pistas, os raides, as construções, as amarrações, os fogos de conselho, as alvoradas frias, os jogos noturnos, a comida (que mesmo mal confecionada era sempre iguaria), os cânticos, as inúmeras aventuras e histórias, e na altura de regresso a casa, a nostalgia do tempo vivido com os amigos. Feito todo o percurso como escuteiro, sabia que tinha de ensinar aos mais novos aquilo que tinha aprendido para que também eles pudessem ter uma vivência recheada de aventuras e histórias, e por isso tomei a decisão de fazer o curso e ser dirigente do Corpo Nacional de Escutas (CNE).como o agrupamento era pequeno, e com falta de dirigentes, tive a possibilidade de fazer parte das equipas de animação das diferentes secções, tendo igualmente participado em alguns órgãos da região e em atividades internacionais. Das atividades internacionais, recordo sobretudo a frase fraternidade escutista, porque consegue-se sentir que no mundo existem mais crianças, jovens e adultos que como nós comungam do mesmo ideal. Durante estes 25 anos, aprendi que um escuteiro não é mais que qualquer outra criança ou jovem. O que o diferencia dos restantes indivíduos é a sua atitude e o carácter que imprime às coisas em que se envolve e aos objetivos que pretende atingir, e por ter adquirido ao longo do seu percurso um conjunto de valores – como a lealdade, honestidade, partilha e fraternidade, entre outros. O escutismo é um movimento sempre em mudança, que pretende responder às necessidades do jovem da sua época. E porque é um movimento em constante mudança e crescimento, o escutismo na região de Leiria durante este ano escutista, 2014-2015, comemora 90 anos, que muito honra todos os escuteiros desta diocese sendo igualmente um sinal de vitalidade. Sinal também de vitalidade e de força, é o facto de por estes dias, ter sido eleito para presidente do Comité Mundial do Escutismo, pela primeira vez, um português: o chefe João armando GonçAlves, que encheu de orgulho todo o CNE e o escutismo nacional. O escutismo é uma escola de valores em que cada um aprende por si a construir um mundo um pouco melhor. *Dirigente e Formador do CNE