«Preservar a história, a cultura, tudo aquilo que dá identidade às pessoas e aos povos, a começar pelos indígenas» é o que se chama ecologia humana, nas afirmações do cardeal Hummes

«Preservar a história, a cultura, tudo aquilo que dá identidade às pessoas e aos povos, a começar pelos indígenas» é o que se chama ecologia humana, nas afirmações do cardeal Hummes
Entrevistado pela Rádio Vaticana, o cardeal Cláudio Hummes, presidente da Comissão episcopal para a amazónia, afirma que não vamos conseguir resolver o problema dos índios de forma justa se não permitirmos que eles sejam sujeitos da sua história, isto é que eles façam, determinem a sua história. Nós podemos ajudar, diz o cardeal, oferecer tecnologia, ciência, cultura, etc. , mas são eles que devem decidir o que absorver, acolher e aceitar como algo importante para a caminhada deles como sujeitos da sua história, inclusive religiosa. Diz o entrevistado que é aqui que entra a questão da inculturação, que responde a questões como estas: Como dialogar com os índios, com as suas crenças, com a sua visão religiosa? Como inculturar o Evangelho ali, e fazer com que seja realmente uma Igreja com o rosto indígena, o rosto amazónico? E é aqui que entra a questão do clero indígena: índios, padres, bispos que assumam as comunidades indígenas e possam dar muito mais autenticidade e possibilidade de eles serem sujeitos de sua história religiosa. O cardeal sublinha ainda que a Igreja deve dar o exemplo, porque Jesus Cristo tem uma resposta para todas as culturas. Não é preciso ser europeu para ser cristão. Posso ser perfeitamente chinês e católico, africano e católico. Isto é, a fé católica é possível de ser inculturada em cada uma das culturas. No fundo, conclui o cardeal, é este o pensamento do Papa Francisco, expresso na exortação apostólica Evangelii Gaudium, quando afirma que nenhuma cultura esgota a riqueza do Evangelho. O Evangelho é muito mais. O Evangelho não se esgota nos recursos da cultura europeia; as outras culturas podem revelar novos aspetos do Evangelho.