«Por isso é que o Pai me ama, porque eu dou a minha vida, para a retomar de novo. Ninguém ma tira, eu dou-a livremente» (João 10,17-18)
«Por isso é que o Pai me ama, porque eu dou a minha vida, para a retomar de novo. Ninguém ma tira, eu dou-a livremente» (João 10,17-18)22º DOMINGO COMUM – aNO a – 31 DE aGOSTO DE 2014No evangelho de hoje, Jesus fala abertamente aos apóstolos no dom total de si mesmo pela salvação do mundo. Dizia ele que tinha de ir a Jerusalém e lá sofrer muito ser morto e ressuscitar ao terceiro dia. a razão explicou-a dizendo: Eu sou o bom Pastor, e dou a minha vida pelas minhas ovelhas (João 10,15). O dom de si, a entrega de si próprio é uma constante nos membros da humanidade. Há gente que se entrega de mil maneiras: No matrimónio marido e esposa entregam-se um ao outro para bem dos dois e da família que vão formar. Médicos e enfermeiras entregam-se ao trabalho de ajudar tanta gente a viver mais feliz. Professores que vivem para que os alunos floresçam na vida. Outros e outras entregam-se ao serviço da evangelização na catequese, na vida sacerdotal, religiosa e missionária, na visita e ajuda material e espiritual dos mais desvalidos, no trabalho do próprio grupo para bem da sociedade: Não teria fim a lista destas entregas por filantropia e, tanto, por amor a Deus e a Cristo com a ajuda do Espírito Santo. Não é uma coisa totalmente fácil para seres humanos em quem habita, por vezes exageradamente, o sentido de realização a todo o custo. O instinto de conservação pode degenerar em egoísmo. Confessava um bem conhecido cantor acerca dos tempos em que era mais jovem: Eu só pensava em mim, mim, mim e mais ninguém! E quantas vezes na nossa vida trilhamos caminhos opostos no serviço ao eu’ e ao outro’. Na 2a leitura de hoje, S. Paulo atira-nos uma pérola de espiritualidade que deveria encher-nos de alegria.como resposta à misericórdia infinita de Deus para com todos os membros da humanidade, deve surgir em nós a necessidade e o desejo de nos entregarmos ao Senhor Deus tão rico em generosidade. Diz Paulo: Peço-vos, pela misericórdia de Deus, que ofereçais os vossos corpos como vítima viva, santa e agradável a Deus (Rom 12,1). Oferta, entrega a Deus do nosso corpo em que vive a nossa alma, formando assim a unidade individual que é cada um de nós. Explica Paulo: O corpo é para o Senhor, e o Senhor é para o corpo (1 Cor 6,13). Foi o corpo de Cristo que, pelo sofrimento atroz na paixão e na cruz, o Filho Unigénito de Deus entregou ao Pai pela salvação do mundo. É o seu corpo e o seu sangue que recebemos na Eucaristia como penhor de salvação e integração total no Reino de Deus. Não é a beleza ou as formas atraentes do corpo que são importantes. Para Deus, que não tem como nós os cinco sentidos, mas só tem o sentido do amor, é tão belo um corpo humano destroçado pela idade, as doenças, a lepra, como o corpo mais belo e formoso que se possa imaginar. No corpo do leproso afinal, o que Deus vê e ama é o corpo de seu Filho desfigurado pelo sofrimento e a morte numa cruz. Oferta, entrega, à maneira da Virgem Santa Maria, que entregou a Deus mesmo o seu seio para que nele o Espírito Santo gerasse, e ela desenvolvesse e desse à luz, o corpo do Filho de Deus feito homem. No profundo dom da simplicidade, demos a Deus o que ele nos deu: tudo o que somos e vivemos.