O número de animais abandonados em 2013, dados fornecidos ao jornal Público pela Direção-Geral de alimentação e Veterinária, foi de cerca de 30 mil novos casos. a crise pode ser um dos motivos, mas a falta de sentimentos humanitários é gritante
O número de animais abandonados em 2013, dados fornecidos ao jornal Público pela Direção-Geral de alimentação e Veterinária, foi de cerca de 30 mil novos casos. a crise pode ser um dos motivos, mas a falta de sentimentos humanitários é gritante

Dá conta a edição de segunda-feira passada do jornal Público que o número de animais abandonados em Portugal cresceu para mais do dobro desde 2008. Se há seis anos eram 13. 399 os animais que foram recolhidos por canis e gatis em todo território nacional, em 2013 registaram-se 29. 645 cães e gatos sem lar. a culpa é da crise. É o argumento cada vez maisutilizado pelas pessoas para se desculparem de não poderem cuidar dos seus animais de estimação. O resultado é deixarem-nos ao abandono ou entrega-los a canis e gatis. O problema é ainda mais grave porque esses animais fizeram parte de uma família e de um momento para o outro perdem todo o apoio que tiveram durante uma vida.

Fátima é um exemplo concreto dos locais onde são abandonados mais animais, especialmente cães. Nos dias imediatos a cada fim de semana, especialmente durante o verão, são inúmeros os animais que se encontram pelas ruas da cidade, ou mesmo nos parques do Santuário, e por vezes até no recinto sagrado.

Vítimas da crueldade dos seus donos,muitosanimais desistem de viver, automutilam-se, lutam entre si, deixam de comer e ficam doentes. E assim ninguém quer adotá-los, alerta a veterinária alexandra Pereira, do canil de Sintra. Outro dos graves problemas que se coloca é o da sobrelotação dos canis, não conseguindo garantir a qualidade de vida desejável para estes animais. Há em todo o país canis e gatis, tanto particulares como municipais, mas as dificuldades em dar condições dignas aos animais são cada vez mais limitadas, dada a grande quantidade que afluem a estes espaços de acolhimento. a veterinária responsável pelo canil de Sintra (o mais lotado da Grande Lisboa) refere que são sempre mais os que entram do que aqueles que saem. a responsável afirma que a crise trouxe mais animais e menos recursos. E explica que a sobrelotação de um canil traz problemas gravíssimos, de bem-estar animal e de saúde pública. Está muito complicado: o número de animais aumenta diariamente e o de funcionários mantém-se. Todos os dias mais bichos são deixados à porta do canil.

a punição para aqueles que abandonam os seus animais está em marcha graças à nova lei que criminaliza os maus tratos e abandono, pois já foi promulgada pelo Presidente da República, Cavaco Silva, que enviou o diploma ao Parlamento para publicação. assim, a alteração ao código penal poderá entrar em vigor já no próximo dia 1 de outubro. O diploma prevê penas de prisão de seis meses ou multa de 60 dias para quem abandone animais, de até um ano ou multa de 120 dias para quem maltrata, e de dois anos ou multa de 240 dias em caso de maus tratos e morte subsequente.

Certamente que esta lei é bem-vinda, mas resta saber como vai ser aplicada, qual vai ser a sua contribuição para atenuar mais um problema que se insere na perda de valores morais e materiais da nossa sociedade. Estamos convictos de que a melhor solução será sempre a mudança cultural das pessoas, de molde a respeitar o direito alheio, seja de quem for.

Francisco de assis é um dos santos mais admirados da Igreja, fundou a Ordem dos Frades Menores, mais conhecida como Franciscanos. O Santo disse: Não te envergonhes se, às vezes, animais estejam mais próximos de ti do que pessoas. Eles também são teus irmãos. ao longo dos séculos, São Francisco foi admirado pela sua pobreza, humildade, liberdade religiosa, além da grande bondade com todos os seres vivos, em especial os animais. Mais ainda, ninguém como ele se irmanou tanto com o universo: foi irmão do Sol, da água, das estrelas e dos animais. Francisco de assis foi canonizado em 1228 e o seu culto é associado à proteção dos animais. Em 1979 o Papa João Paulo II acrescentou-lhe mais um título: proclamou-o santo patrono dos ecologistas. Um exemplo firme a seguir.