«Cristo não anula as culturas, mas combate a divisão entre os povos», disse o Papa Francisco, recordando a sua visita recente à Coreia do Sul
«Cristo não anula as culturas, mas combate a divisão entre os povos», disse o Papa Francisco, recordando a sua visita recente à Coreia do Sul a audiência geral do Papa Francisco desta quarta-feira, 20 de agosto, foi concedida na Sala Paulo VI, onde cabem cerca de oito mil peregrinos. Porque eram muitos, mais de dois mil tiveram que ficar no adro da Sala Nervi.

Francisco apresentou-se sereno e sorridente, mostrando que o fuso horário e a fadiga da recente viagem à Coreia não deixaram sequelas na sua condição física. Depois de saudar a todos com o habitual carinho e espontaneidade, o Papa começou a sua catequese, focada integralmente na recente viagem à Coreia: Lá, encontrei uma Igreja jovem, fundada no testemunho dos mártires e animada pelo espírito missionário.
O pontífice condensou a sua viagem apostólica em três palavras: memória, esperança e testemunho. a Igreja coreana é uma família espiritual onde os adultos transmitem aos jovens a chama da fé recebida dos seus antepassados; e a memória das testemunhas torna-se em novo testemunho no presente e esperança do futuro, sublinhou o Papa, realçando a beatificação dos 124 mártires coreanos e o encontro com os jovens, por ocasião da VI Jornada asiática da Juventude.
Francisco ressaltou ainda o papel fundamental desempenhado pelos leigos na Igreja coreana desde os seus primórdios. Referiu que a comunidade cristã na Coreia não foi fundada por missionários, mas por um grupo de jovens coreanos do século XVIII que, fascinados por alguns escritos cristãos, os estudaram e os adotaram como regra de vida.
Um deles – explicou – foi enviado a Pequim para receber o batismo e no regresso batizou os seus companheiros. a partir deste primeiro núcleo, desenvolveu-se uma grande comunidade que desde o início e durante cem anos sofreu violentas perseguições e teve milhares de mártires. Deste modo, a Igreja coreana se baseia na fé, no empenho missionário e no martírio dos leigos.
Porque os primeiros cristãos coreanos praticaram o amor fraterno que supera toda a diferença social, o pontífice encorajou os cristãos de hoje a serem generosos com os mais pobres e excluídos. E concluiu a sua catequese, afirmando que a história da fé na Coreia demonstra que Cristo não anula as culturas, não cancela o caminho dos povos que buscam a verdade e praticam o amor a Deus e ao próximo. Cristo não extingue o que é bom, mas completa-o.

Convidou finalmente os presentes a unirem-se à oração de toda a Igreja pelas comunidades da Ásia, sobretudo por todos os cristãos perseguidos no mundo, particularmente no Iraque, e também por outras minorias religiosas igualmente perseguidas.