Vera era uma jovem feliz. Tudo lhe corria bem. Sucesso académico, simpatia e sentido estético, garantiam-lhe respeito no meio escolar no que se refere à moda juvenil: se a Vera usava, é porque era moda
Vera era uma jovem feliz. Tudo lhe corria bem. Sucesso académico, simpatia e sentido estético, garantiam-lhe respeito no meio escolar no que se refere à moda juvenil: se a Vera usava, é porque era modaProva disso era o número de amigos do facebook. Dava-lhe gozo contar os gosto que tinha! Era tão viciante que Vera passava grande parte do dia no seu quarto, ao computador, a curtir partilhas adolescentes. Vieram as férias. Os pais inscreveram-na para fazer voluntariado numa instituição de acolhimento para pessoas com paralisia cerebral. apesar de contrafeita e reclamando da autoridade dos pais que não respeitavam a sua liberdade de usar as férias como bem entendesse, foi forçada a obedecer-lhes. O primeiro dia na instituição foi um choque: crianças e jovens da sua idade sem possibilidade de andar, alguns acamados ou sem controle de movimentos até para comerem sozinhos, todos dependentes. Tudo parecia muito mau na vida destas crianças e jovens. – Tenho de fugir daqui. Não aguento isto! Mas, o tamanho do sorriso e as manifestações de felicidade que recebia quando ela se aproximava para os ajudar ou simplesmente para fazer companhia, baralhava a noção de bom de Vera. Nunca ninguém se mostrara tão feliz com a sua chegada! Faziam sentir-se especial como nunca sentira. Os dias passavam e Vera precisava cada vez mais deles, da Micaela, do Marquinho, que já não eram um qualquer. Sabia o nome deles, e cada um era especial. Sempre que estava livre, era lá que a encontravam. as suas partilhas no facebook mudaram: as fotos com o bikini novo ou dos programas que revelavam quanto ela era boa foram substituídas por fotos de sorrisos brilhantes de jovens presos com cintas para não escorregarem das cadeiras; por vídeos de atividades na piscina, em que ela se misturava com o grupo, ajudando a fisioterapeuta na brincadeira e tratamento; ou a hora da leitura em que alguém os encantava com histórias. Em todas elas, Vera comentava sobre a força e alegria que estes seus novos amigos possuíam e sobre o imenso prazer de viver que eles lhe ensinavam. Os gosto foram os mais numerosos de sempre. Teve uma ideia: – E se eu juntar amigos? amigos voluntários e amigos com paralisia cerebral?!Entusiasmou-se tanto com a ideia que falou dela na instituição. O acolhimento foi total. Nesse mesmo dia Vera informou sobre os requisitos da instituição para ser voluntário e lançou um alerta: Entra na Moda: Vem! ajudar é fixe!Rapidamente um grupo imenso de jovens estava pronto para se juntar a Vera. a partir daí as férias foram um reboliço de atividades e de prazer. a amizade e os laços que uniram voluntários com as crianças e jovens da instituição, não terminaram com o fim das férias. Também não terminou a nova forma de Vera e os seus amigos voluntários olharem os valores da vida e entenderem aquilo que é fonte de felicidade. agora são grupo, sem necessidade dos gosto do facebook. Terem partilhado aquilo que sabem e podem, fez nascer em Vera e nos amigos um novo vício, e levou para a escola uma nova moda que faz cidadãos maiores: a moda de ajudar é fixe!