Não podemos correr o risco de vulgarizar os monumentos, associando-os meramente aos aspetos de cariz comercial
Não podemos correr o risco de vulgarizar os monumentos, associando-os meramente aos aspetos de cariz comercialNa sequência das recentes notícias sobre a aprovação do Regulamento de Utilização de Espaços nos Serviços Dependentes e nos imóveis afetos à Direção-Geral do Património Cultura permitindo que 23 monumentos históricos, entre os quais o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém e vários museus possam ser arrendados para jantares, cocktails, eventos culturais, sociais e académicos, filmagens para televisão, cinema ou publicidade, venho partilhar a minha opinião. Não me causa inteiramente repulsa por esta solução desde que seja salvaguardada a dignidade dos espaços, tendo máxima atenção à natureza do evento e à instituição que os utiliza. Nesse sentido, cabe à tutela e aos profissionais dos monumentos ou museus nacionais estarem atentos ao enquadramento dos eventos e sobretudo se estes não provocam riscos ao nível da conservação e preservação do património ou que firam a sua boa imagem e suscetibilidades morais e religiosas, estando muitos destes espaços intimamente ligados à religião ou a figuras históricas. Não podemos correr o risco de vulgarizar os monumentos, associando-os meramente aos aspetos de cariz comercial. Pode ser um risco, na ânsia de se obterem maiores receitas, secundarizarem-se várias iniciativas culturais que podem e devem ocorrer, abertas à comunidade. Penso também que haveria vantagem das receitas provenientes destas atividades reverterem para a conservação do respetivo monumento ou museu onde elas ocorrem. *Diretor do Museu de arte Sacra e Etnologia (MaSE)