«acredito profundamente que a dor bem assumida leva qualquer um ao crescimento pessoal, mas este processo envolve outras dimensões e reflexões da própria vida que não têm nada a ver com a dor que pode provocar uma verdade mal comunicada»
«acredito profundamente que a dor bem assumida leva qualquer um ao crescimento pessoal, mas este processo envolve outras dimensões e reflexões da própria vida que não têm nada a ver com a dor que pode provocar uma verdade mal comunicada»Há dias tive uma sã discussão com um amigo meu, médico e escritor, que defendia com afinco um tradicional ditado muito utilizado na nossa aldeia, ditado esse que moldou os comportamentos de muita gente: a verdade dói. É um adágio que justifica diretamente o mal-estar com que fica uma pessoa depois de ouvir uma hipotética ou relativa verdade. acredito profundamente que a dor bem assumida leva qualquer um ao crescimento pessoal, mas este processo envolve outras dimensões e reflexões da própria vida que não têm nada a ver com a dor que pode provocar uma verdade mal comunicada ou pessimamente transmitida. a habilidade na comunicação é fundamental quando se quer transmitir uma mensagem carregada de autenticidade. a sinceridade, a coerência e veracidade das nossas palavras, a honestidade, são qualidades muito bem conceituadas na sociedade. Porém, já muitas vezes me interroguei se a sinceridade, alicerçada na minha verdade, parcial e subjetiva, não teria um limite perante alguém que tem os mesmos direitos, condições e condicionamentos do que eu. a situação piora ainda mais quando o alicerce da suposta verdade é um preconceito ou um zum-zum lançado aos nossos ouvidos por um terceiro. De que sinceridade e verdade podemos falar se nem sequer somos honestos com a nossa própria perceção da realidade?Lembro-me de ter lido um livro de um autor francês que dizia mais ou menos isto: ser sincero não é dizer ou exprimir tudo aquilo que pensamos, mas sim não usar argumentos contrários daquilo que pensamos e acreditamos.com isto quero dizer que muitas vezes confundimos sinceridade com o ato de valentia de dizer ao outro, na sua cara, tudo o que pensamos sem a necessidade de medir ou avaliar o impacto que a hipotética honestidade pode provocar na pessoa que escuta. apesar de doer, o que te digo é para o teu bem ressoa dos lábios de quem muitas vezes esquece que não tem a verdade absoluta ou não se questionou ainda sobre que tipo de bem pode surgir de uma transmissão falida que só provoca feridas. Quem em nome da sinceridade e honestidade diz tudo o que pensa e não mede as palavras, só procura a prática de um hábito que gera bem-estar pessoal a si próprio, um bem-estar diretamente proporcional à dor e à ferida de quem escuta. a verdadeira e correta verdade dita ao outro é aquela que é filtrada pelo prisma da assertividade. Dizer as palavras certas, à pessoa adequada e no momento justo, é fundamental para ajudar os outros a crescer na liberdade, porque a verdade bem dita liberta e faz crescer qualquer pessoa.