«Embora tendo o domí­nio e a força, vós julgais, Senhor, com brandura,
e governais com muita indulgência», diz-nos a primeira leitura.

«Embora tendo o domí­nio e a força, vós julgais, Senhor, com brandura,
e governais com muita indulgência», diz-nos a primeira leitura.
a sabedoria é um dom de Deus que dá ao indivíduo um coração capaz de saber o que é bem e o que é mal: é assim a vida para quem segue a lei de Deus. Mas muitos homens seguem a tentação de usurpar o privilégio divino de decidir o que é que é bem e o que é que é mal, e isso faz com que caiam na astúcia mentirosa de serpente enganadora. Por isso são expulsos do paraíso do bem saber, e arrastam consigo a multidão dos seus súbditos para ações contrárias à lógica do bem. E, naturalmente, impõem à humanidade crises materiais, espirituais e morais que muito fazem sofrer aqueles que dominam com a sua palavra de mentira: não são capazes de distinguir entre o bem e o mal. ao contrário, os que seguem a lei de Deus, esses leem no seu próprio coração o doce ensinamento do Espírito de Deus e escolhem o caminho da sabedoria. Nas parábolas do Evangelho deste domingo, Jesus Cristo, sabedoria de Deus, ensina-nos como viver neste mundo na sabedoria do Reino de Deus. Este Reino não é algo de passivo, mas de muito vivo, dinâmico, que cresce cada dia, mas nem sempre segundo a ideia mundanamente lógica. a parábola diz-nos que o trigo e o joio crescem juntos no mesmo campo – tal como crescem o bem e o mal juntamente na vida da sociedade. a nossa tentação, que por vezes é falta de reflexão, seria a de destruir imediatamente o joio. Jesus ensina que é melhor que cresçam ambos juntos até ao momento da ceifa: nesse momento serão separados – o trigo para o celeiro de Deus que é a vida eterna, o joio para ser queimado e viver uma vida de desespero para sempre longe de Deus. Joio são os culpados por falta de discernimento mas, diz Cristo, é também por seguirem as inspirações do tentador, o demónio. Diz-nos esta palavra do Senhor que devemos dar tempo ao trabalho de Deus que é misericórdia, e a exercitarmos a paciência. De resto, tudo será resolvido a seu tempo segundo a justiça. Vivendo nós num mundo confuso em que tudo é relativo, é importante agarrarmo-nos à sabedoria bondosa de Deus que nunca deixará que sejamos tentados acima das nossas forças. Por vezes o joio existe mesmo dentro da Igreja, mas não duvidemos da promessa de Jesus: Eu estarei sempre convosco – e nunca o joio poderá eliminar o trigo bom, pois todo o bem de Deus vem. Joio e trigo bom mostram as duas realidades da vida, muito diferentes: uma votada à vivência feliz eterna; a outra, a do joio, condenada à perdição eterna. a ideia central da parábola do joio é a paciência infinita de Deus que não se separou dos pecadores mas a eles se juntou para os levar a serem trigo bom de salvação. Para eles como para nós, o nome de Deus é misericórdia e perdão. Nas dificuldades, temos de sempre contemplar a beleza do crescimento do trigo do bem à nossa volta, movido pela bondade eficaz de Deus, o Deus que com o seu amor pode curar todas as coisas. Grande exemplo para nós é sempre a Virgem Senhora da Graça que, também ela, experimentou as feridas que o joio produziu no seu coração, mas que a levou a cantar: O meu espírito exulta em Deus meu Salvador!