“Um acto de cobardia e de terrorismo contra o nosso próprio país”, é como o bispo de Roraima, Roque Paloschi classifica a destruição da missão de Surumu, na Raposa Serra do Sol.
“Um acto de cobardia e de terrorismo contra o nosso próprio país”, é como o bispo de Roraima, Roque Paloschi classifica a destruição da missão de Surumu, na Raposa Serra do Sol. Levada a cabo por uma centena e meia de homens violentos e acirrados, supõe-se que a operação, da madrugada de 17 de Setembro, tenha sido comandada por um punhado de cultivadores de arroz que se recusam a deixar a terra por eles ocupada na década de 90 e que pertence aos índios. Na foto, vê-se uma sala do hospital queimada, tal como as demais instalações da missão e da escola.
a recusa dos agricultores, já declarada publicamente, em cumprir a lei explica-se pela estratégia em conseguir maior número de benefícios. O cultivo do arroz tem proporcionado grandes lucros aos cultivadores, provenientes de subsídios do erário público e de empréstimos de bancos, que provocaram a falência dos mesmos.
Segundo testemunhas oculares dos factos, eram brancos que conduziram os veículos que transportaram os agressores. Na sua maioria jovens alcoolizados, destruíram as instalações da mais antiga missão, fundada pelos monges beneditinos em 1906.
a missão de Surumu com a escola Centro Indígena de Formação e Cultura é um símbolo da dos povos indígenas e da Igreja de Roraima: Lá se formaram uma grande a maioria dos professores indígenas. Destruir a missão foi destruir uma das realidades mais bonitas que o Roraima estava vivendo no sentido do respeito, da valorização e do reconhecimento das primeiras culturas, missão que formava os novos sujeitos da construção da sociedade roraimense, escreve o bispo Roque Paloschi, na mensagem assinada em conjunto com o bispo emérito aldo Mongiano.
atacar a Igreja pelo seu apoio à causa indígena, continua o bispo, foi errar o alvo, pois o acto da homologação foi um acto de justiça do governo. O prelado espera agora que o poder público intervenha com a devida severidade para que as leis sejam cumpridas e respeitadas e se possa viver na ordem e na tranquilidade.
as feridas causadas pela invasão e destruição deste símbolo dos povos indígenas são grandes, mas a coragem e a vontade de continuar o caminho de consolidação da consciência indígena saíram fortalecidas. Os próprios alunos da escola, que foram selvaticamente espancados, confessam-no e mostram-se dispostos a combater, pela via pacífica, para garantir o sucesso da causa indígena.
De Boa Vista, Roraima: