Papa Francisco pediu aos governos que desenvolvam um pacto que fomente o trabalho em tempo de crise. é o Estado português que deve assegurar e promover o direito ao trabalho, segundo o artigo 58. º da Constituição Portuguesa
Papa Francisco pediu aos governos que desenvolvam um pacto que fomente o trabalho em tempo de crise. é o Estado português que deve assegurar e promover o direito ao trabalho, segundo o artigo 58. º da Constituição Portuguesa

Francisco, na homilia da missa realizada ontem no ex-estádio Romagnoli de Campobasso, em Molise (centro de Itália) perante mais de 20 mil fiéis, voltou a lembrar que a Igreja sempre esteve na linha da frente no testemunho da caridade. a visita pastoral do Papa realizada este sábado às localidades de Campobasso, Castelpetroso e Isernia, situadas na região italiana de Molise teve como tema: Deus não se cansa de perdoar.

O papa reiterou que é preciso difundir a cultura da solidariedade, sobretudo diante das situações de precariedade material e espiritual, especialmente diante do desemprego, uma chaga que requer todo esforço e coragem da parte de todos. O desafio do trabalho interpela de modo particular a responsabilidade das instituições, do mundo empresarial e financeiro. É preciso colocar a dignidade da pessoa humana no centro de toda a perspetiva e de toda ação. Os outros interesses, mesmo que legítimos, são secundários, disse o papa. assegurou ainda que no centro está a dignidade da pessoa humana, porque a pessoa humana é imagem de Deus.

Partindo de um trecho do livro da Sabedoria proposto pela liturgia do dia, o pontífice frisou que o Senhor não é neutro, mas com a Sua sabedoria “se coloca ao lado das pessoas frágeis, das pessoas discriminadas e oprimidas que se abandonam confiantemente a Ele. após ressaltar que a falta do trabalho tolhe a dignidade, evidenciou que o problema mais grave é justamente este, o não poder levar o pão para casa. Por isso devemos trabalhar e defender a dignidade que o trabalho dá, frisou Francisco.

No seguimento do seu pensamento alertou: Tantos postos de trabalho poderiam ser recuperados através de uma estratégia concertada com as autoridades nacionais, um pacto para o trabalho que aproveitaria as oportunidades oferecidas pelos regulamentos nacionais e europeus.

O bispo de Roma referiu o desafio apresentado por uma mãe operária, que falou também em nome de sua família: o marido, a criança pequena e a criança no ventre. Seu apelo é um apelo pelo trabalho e, ao mesmo tempo, pela família. acrescentou ainda que se trata de tentar conciliar o tempo de trabalho com o da família. Nesse sentido, o Papa defendeu o domingo livre do trabalho – exceto os serviços necessários -, afirmando que a prioridade não é o económico, mas o humano, o gratuito, as relações não comerciais, mas familiares, amistosas, para os que creem, para a relação com Deus e com a comunidade.

Saliência especial para a exortação do Papa Francisco aos jovens: Tenham coragem e esperança também ao enfrentar as dificuldades derivantes dos efeitos da crise económica. a coragem e a esperança são dotes de todos, mas, em particular, dos jovens: coragem e esperança.

a mensagem de Francisco foi dirigida aos italianos, mas tem todo o cabimento para outras zonas do globo. Portugal é um dos países que, devido à sua situação de desemprego acentuado, deve ouvir as suas palavras. a verdade é que está nas mãos dos governantes traçar as linhas politicas que permitam uma recuperação económica de molde a superar o desemprego. Continuamos a ler e ouvir palavras de boas intenções nesse sentido, mas é necessário que muito rapidamente se passe à prática.

a Constituição da República de Portugal é muito clara: Todos têm direito ao trabalho. Para assegurar o direito ao trabalho, incumbe ao Estado promover a execução de políticas de pleno emprego. a Constituição não pode ser letra morta, sob pena de não ser respeitada a dignidade humana do povo português.