«Lutei por causas sociais e, mesmo assim, ser escuteira sem lenço, no meio da sociedade de hoje, é o maior desafio de todos»
«Lutei por causas sociais e, mesmo assim, ser escuteira sem lenço, no meio da sociedade de hoje, é o maior desafio de todos»Começo por me apresentar: chamo-me Catarina e tenho 19 anos. O meu percurso como escuteira começou há talvez, muito tempo atrás, ainda antes de eu nascer. Pelo sangue da minha família crescia o bichinho Sempre alerta. Dezasseis primos fizeram parte desta grande família: o escutismo. até o meu pai tentou abrir um agrupamento na minha terra (sonho que nunca foi possível realizar), por isso, digo que, talvez, já tivesse nascido comigo, esta escolha de vida. Há quase 11 anos, o grupo de jovens de aljubarrota, do qual outros dois primos meus faziam parte, tentaram abrir o agrupamento de aljubarrota, mas faltavam elementos para concretizar objetivo e foi assim que me propuseram o desafio: Queres entrar nos escuteiros?. Sinceramente, não sabia onde me estava a meter, mas eles também não tinham respostas para todas as suas dúvidas, quanto mais para as minhas. Mas o que eu sabia era o suficiente para querer entrar. Realizámos o estágio no agrupamento de Porto de Mós. Os escuteiros daquele agrupamento, foram como irmãos mais velhos que ensinam os mais novos a seguir o caminho da vida. Lá estava eu, sub-guia na primeira patrulha – Patrulha Elefante – e assim tudo começou! Foi um ano de estágio. Um ano a trabalhar e a aprender por terras portomosenses. Passado esse período, já estávamos a ensinar, nas terras da padeira, o que aprendemos e, tínhamos, também, uma comunidade mais velha para educar. Passaram os anos e os Exploradores já lá vão, com experiências fantásticas para recordar. Nos Pioneiros, apercebi-me que ser escuteiro vai muito mais além do lenço ao peito. O verdadeiro escuteiro é aquele que o consegue ser, mesmo sem lenço nem farda, no seu dia a dia. apercebi-me que, por trás de amarrações, atividades e acampamentos vem uma grande escola de vida, que, aos poucos, se vai realçando. Já não somos crianças e aprendemos que uma amarração ensina mais que fazer nós – ensina a trabalhar em equipa. Hoje sou caminheira no agrupamento 1318 – aljubarrota. Já passei por todos os cargos nas equipas, já fiz teatro para dois mil escuteiros, já fiz parte da organização de uma atividade regional para os Caminheiros e pertenci à primeira patrulha do agrupamento. Lutei por causas sociais e, mesmo assim, ser escuteira sem lenço, no meio da sociedade de hoje, é o maior desafio de todos. Porque, nos escuteiros, aprendemos o que a sociedade não nos consegue ensinar: a ser adultos com valores. *agrupamento 1318 – aljubarrota