No norte do Quénia duas tribos irmãs assassinam-se mutuamente. à pobreza geral junta-se agora o ódio tribal.
No norte do Quénia duas tribos irmãs assassinam-se mutuamente. à pobreza geral junta-se agora o ódio tribal. Os paroquianos do Santuário da Consolata em Nairobi recolheram durante um mês farinha, leite em pó e outras ajudas para acudir aos Gabras e Boranas refugiados por causa de lutas tribais.
Tive a alegria de ir pessoalmente entregar dez toneladas de alimentos ao bispo de Marsabit, ambrósio Ravasi, missionário da Consolata. Depois de uma longa viagem de mais de dez horas, pudemos sentir a felicidade de entregar a preciosa carga que imediatamente começou a ser distribuída.
Os Gabras e os Boranas são parte da grande família dos Oromos, que habitam o sul da Etiópia e o norte do Quénia. São primos, falam a mesma língua e viviam até agora em perfeita harmonia. Um falhado negócio de armas, ao que parece, deu origem a algumas chacinas e criou o presente estado de insegurança.
Na cidade de Marsabit, 600 quilómetros a norte de Nairobi, Gabras e Boranas viveram sempre juntos, mas agora a cidade está dividida em zonas e os dois grupos não se misturam. até mesmo o mercado municipal está tribalizado e um Borana não vai comprar à loja de um Gabra nem vice-versa. É uma situação triste e ainda se não vêem sinais de reconciliação.
Com os paroquianos que me acompanhavam fui visitar um grupo de refugiados Boranas. a situação é deprimente. as pessoas não têm nada, excepto um plástico por cima de quatro paus e alguma palha no chão a servir de leito. E não obstante esta miséria, os chefes das duas tribos afirmam que ainda é cedo para falar de paz.
Na Igreja evidentemente não são permitidas distinções, mas mesmo aí as pessoas procuram não se misturar. Neste Domingo, um sacerdote negou-se mesmo a convidar os fiéis a darem-se a paz, por lhe parecer que isto seria brincar com Deus.
Fiquei admirado com a coragem do bispo e dos padres em Marsabit. Mesmo sabendo que uma nova luta poderá deflagrar a em qualquer momento, mantêm-se serenos e distribuem ajudas aos dois grupos indistintamente. Saber que entre os beligerantes houve católicos que assassinaram outros católicos é muito doloroso. No entanto bispo e sacerdotes trabalham sem descanso para que haja paz e perdão. O Senhor lhes pague!