Terminou em Lyon (França) o encontro “Homens e religiões” celebrado de 11 a 13 deste mês sobre « a coragem de um humanismo de paz».
Terminou em Lyon (França) o encontro “Homens e religiões” celebrado de 11 a 13 deste mês sobre « a coragem de um humanismo de paz».

Nesse encontro, organizado pela Comunidade de Santo Egídio e pela arquidiocese de Lyon, participaram altos expoentes das religiões mais representativas do planeta. Transcrevemos o apelo que fizeram para que a Paz e respeito sagrado da vida sejam uma realidade.

Nós, homens e mulheres de religiões diferentes, encontramo-nos na antiga cidade de Lyon para rezar, para dialogar, para fazer crescer um humanismo de paz. Rendemos homenagem à memória de João Paulo II, que foi um mestre de diálogo e um testemunho tenaz da santidade da paz. Estamos convencidos de que, sem paz, este mundo se faz desumano. Escutamos o grito de todos os que sofrem pela guerra e pelo terrorismo. aproximamo-nos, com atenção, das nossas tradições religiosas e lemos uma mensagem de paz. Rezamos pela paz no mundo.
Em nome da paz, dirigimo-nos às pessoas das nossas religiões, aos homens e mulheres de boa vontade, a quem, apesar de tudo, crê que a violência faz um mundo melhor. E ldizemos-lhes: é tempo de acabar com o uso da violência! a vida humana é sagrada. a violência humilha os homens e a causa de quem a utiliza. O mundo está cansado de viver no medo. as religiões não querem a violência, a guerra, o terrorismo. Dizemos com força a todos os homens!
a paz é o nome de Deus. Deus não quer a eliminação do outro, Deus tem compaixão por quem sofre sob os golpes da violência, do terrorismo, da guerra. Quem utiliza o nome de Deus para afirmar um interesse partidarista ou legitimar a violência envelhece a religião. Não há guerra que seja santa. a humanidade não melhora com a violência e com o terror.
as religiões ensinam que a paz do coração é decisiva. Deus dá a quem crê n’Ele. Nossa firme esperança é que a paz, dom de Deus, se estenda a todos os homens e mulheres, abrace todos os povos da terra, detenha as mãos dos violentos e toque os desígnios do terror. Rezamos por isto em Lyon.
Constatamos também que as dores do mundo são muitas: a humanidade está ainda muito longe de realizar esses objectivos do Milénio, que havia adoptado para acabar com a pobreza, para garantir o direito a tratamentos, à educação, à água, à segurança de vida, à libertação da fome. Isto é muito grave! O nosso mundo permanece marcado por pobrezas desesperadas. É uma constatação dolorosa que manifestamos com grave preocupação aos responsáveis políticos. Fazemo-nos intérpretes do desespero e da necessidade de milhões de pobres da terra. Pedimos uma concentração de energias e recursos maiores para fazer menos pobre e mais humano o mundo do século XXI.
a paz faz com que seja mais possível um mundo melhor. O caminho da paz é o diálogo. Em vez de nos deixar indefesos, o diálogo protege; faz do estranho amigo; permite o trabalho em comum para lutar contra a pobreza e todo mal.
Em Lyon vivemos um diálogo franco, iluminado pelo espírito religioso da oração. Dialogamos entre expoentes de várias comunidades religiosas e com os humanistas de nosso tempo. Fizemos emergir as profundas diversidades entre religiões e culturas. O mundo, apesar de estar globalizado, não é totalmente igual. Mas ficou claro que há um destino único. Chegou a hora de trabalhar juntos com valentia por um humanismo capaz de construir a paz entre os povos e os indivíduos. O objectivo não é a afirmação de um ou do outro, mas a realização de uma civilização na qual vivemos juntos. a arte do diálogo é o caminho paciente para construir esta civilização da convivência.
Que Deus conceda ao mundo e a todo homem e mulher o dom maravilhoso da paz!

Lyon, 13 de Setembro de 2005