Desde os primórdios da existência humana sobre a face da terra, o homem tem tentado relacionar-se para satisfazer as suas necessidades básicas, e tem-se servido da convivência para atingir os seus sonhos e realizar-se como pessoa
Desde os primórdios da existência humana sobre a face da terra, o homem tem tentado relacionar-se para satisfazer as suas necessidades básicas, e tem-se servido da convivência para atingir os seus sonhos e realizar-se como pessoaacho que seria impossível falar de comunidades autênticas e sociedades justas sem antes ter afinado a arte do relacionamento. Relacionar-se exige que se procure o modo de identificar-se com o outro para assim poder criar laços verdadeiros. Relacionar-se é fomentar a união com aqueles com quem partilhamos a vida, a partir da capacidade de gerar confiança e amizade. Dizem os grandes especialistas do comportamento humano que a capacidade de comunicar assertivamente, ou seja, de maneira efetiva e eficaz, é um fator decisivo nas relações humanas. Na minha experiência de vida tenho constatado que, nestes últimos tempos do fast food e do instantâneo, as pessoas e as instituições, movidas pela pressa, começaram a perder a capacidade de aprofundar as relações humanas. Às grandes estratégias de um bom projeto ou de uma excelente ideia, sacrificámos a paixão pela humanidade. Estou convencido que sempre haverá mais realização humana se levarmos pessoalmente um prato de comida a quem precisa, em detrimento de ser aquele gestor que organiza e planifica com êxito, desde o escritório, a eficácia de um comedor solidário. O que alimenta, mantém vivo ou transforma alguém não são as proteínas, mas sim o brilho dos olhos do contacto visual portador de esperança ou o abraço amigo que faz sentir ao outro que não está sozinho nesta indigente vida. Contudo, não estou a depreciar a necessidade de uma boa gestão e organização em tudo o que fazemos, para fazer o bem e construir caminhos novos de justiça. Mas, a insistência radica no facto que de nada servem organizações e projetos acertados, orações e celebrações quase perfeitas, ideias e boas intenções, se perdemos a capacidade de nos relacionarmos viva e diretamente, com paixão e misericórdia. Finalmente, relacionar-se de verdade não tem a ver com nós próprios, não se trata de satisfações pessoais; relacionar-se tem a ver com as pessoas com quem comunicamos e nos encontramos e o nosso modo de valorizar e compreender cada pessoa na sua diversidade.