Maria da Conceição, nascida em Vila Franca de Xira e a viver em Dhaka, Bangladesh, deixou a sua vida, vendeu o supérfluo, para se dedicar inteiramente ao voluntariado dos mais pobres. Preside a uma fundação com o seu nome
Maria da Conceição, nascida em Vila Franca de Xira e a viver em Dhaka, Bangladesh, deixou a sua vida, vendeu o supérfluo, para se dedicar inteiramente ao voluntariado dos mais pobres. Preside a uma fundação com o seu nomeMaria do Céu da Conceição é uma jovem portuguesa de 36 anos que vive o seu dia-a-dia trabalhando na Fundação Maria Cristina (MCF), que criou em 2005. É o exemplo do desprendimento e amor em favor dos mais necessitados. Foi citada recentemente em vários países por haver posto em prática um projecto desportivo designado como Desafio 777. O desafio constava de 7 ultramaratonas (50 km cada), em 7 continentes e em 7 semanas que concluiu com êxito, o que lhe permitiu o reconhecimento pelo Guinness World Records. Não sendo uma atleta, é amadora no desporto. Não é difícil compreender os sacrifícios que teve de suportar para o fazer, pois subiu montanhas, enfrentou calor e gelo, suportou dores e acabou por conseguir o domínio da mente para além dos limites razoáveis. É, sem dúvida, um exemplo de coragem em prol de um objectivo: quebrar o ciclo da pobreza correndo.

Para podermos avaliar o arrojo do seu desígnio, bastará lembrar que percorreu a primeira maratona na antártida; a segunda no Chile e depois Omã, Reino Unido, Melbourne, Nova Iorque e a última na África do Sul. Tendo começado em 26 de janeiro de 2014, terminou em 8 de março, apesar de estar lesionada quando correu as maratonas de Melbourne e Nova Iorque, e portanto suportando as dores daí resultantes e a incerteza de terminar as provas. Mas conseguiu-o! a motivação que a dominou foi só uma: Tirar da pobreza as crianças que estivessem abrangidas pelos cuidados da fundação MCF, centrando muitas das nossas atenções no Bangladesh, palavras suas em entrevista a a Bola.

Claro que este projecto foi uma forma de chamar a atenção para a causa e conseguir patrocínios e apoios para as metas da fundação. Os problemas da pobreza no mundo são a sua preocupação e a sua mensagem: abrir os olhos das pessoas, fazer com que percebam a sorte que têm e o tão pouco que têm de tirar das próprias vidas e rendimentos para fazer uma diferença gigantesca na vida dos outros.

Como nasceu na vida desta jovem mulher a vocação do voluntariado? Foi emigrante em alguns países europeus e depois no Brasil. Neste país de língua portuguesa teve os primeiros contactos com os jovens desfavorecidos, na maior parte residentes nas favelas. Em 2003 mudou-se para os Emirados Árabes Unidos, onde trabalhou numa companhia de aviação, o que lhe abriu caminho ao contato com situações e gentes diferentes que mudariam a sua vida e lhe dariam um novo sentido.

Há três anos acabou por se despedir do emprego e passou a dedicar-se por inteiro à fundação que dirige, tendo antes vendido tudo o que tinha de supérfluo e aplicando todas as poupanças no seu projecto. Diariamente passa entre 10 e 12 horas ao seu serviço e entre duas e quatro a treinar-se.

O que faz a fundação MCF? Desde 2005 que trabalha para a educação e a emancipação das crianças carentes de Dhaka. através de seu projeto de escola nas favelas de Dhaka, mais de 650 crianças e os funcionários foram vacinados contra doenças contagiosas. Possui um centro odontológico com dentista permanente para cuidar das crianças matriculadas no projecto e um centro de primeiros socorros devidamente equipado, assim como uma enfermeira para ajudar a cuidar da saúde diária das crianças.

Tem ainda formação para as mães das crianças, uma creche para bebés, uma carpintaria e centro de soldagem para aprendizagem dos pais, bem como uma internet café, uma biblioteca e três poços de água, permitindo a água potável em toda a comunidade. além disso, cerca de 101 casas foram renovadas e totalmente mobiliadas.

Para conhecer melhor o trabalho da fundação visite: www.mariacristinafoundation.org.