as refeições fornecidas às pessoas carenciadas pelas cantinas sociais «não resolvem os problemas e trazem dependência», afirma Vasco almeida, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra
as refeições fornecidas às pessoas carenciadas pelas cantinas sociais «não resolvem os problemas e trazem dependência», afirma Vasco almeida, do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbraas cantinas sociais, vistas como um modelo de inovação social, podem favorecer a desigualdade e a exclusão social, alerta um estudo tornado público esta sexta-feira, 9 de maio, em Lisboa. através de uma metodologia qualitativa e baseada em entrevistas a funcionários das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), a investigação, da responsabilidade de Vasco almeida, do Instituto Superior Miguel Torga/Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, alerta para variados aspetos negativos das cantinas.
atualmente existem mais de 800 cantinas, que, entre janeiro e outubro, serviram mais de 14 milhões de refeições. Contudo, o investigador vê esta ação solidária com desconfiança uma vez que a considera um ato isolado, que não vai resolver a pobreza nem contribui para a capacitação das pessoas. É uma medida temporária, com um destino incerto e todas as pessoas com quem falei me dizem que se está a ir para onde não se devia, que é dar o peixe em vez de ensinar a pescar, afirmou, em declarações à agência Lusa.
Para Vasco almeida, as cantinas sociais não resolvem os problemas e trazem dependência. as cantinas foram anunciadas como um modelo de inovação social. Mas se olharmos para o conceito mais comum pressupõe-se que na inovação social haja capacitação do indivíduo, o que não acontece, referiu. O autor do estudo também reconhece mais-valias na medida como a possibilidade de alimentar muitas pessoas. No entanto, salienta que tal iniciativa não é englobante, porque existem listas de espera.
Há zonas interiores onde não há qualquer IPSS, depois nem sempre as cantinas chegam a quem precisa, depois quem recebe outro tipo de ajuda, como do Banco alimentar, não tem acesso, sendo que são pontuais as ajudas do Banco, apontou. além disso, o responsável recorda que o governo paga a cada IPSS 2,5 euros por refeição e afirma que haverá instituições que não se guiam por uma ação solidária mas que poderão estar a ver nesta contribuição uma forma de arranjar um suplemente financeiro.
O investigador não desconsidera o trabalho das IPSS mas realça que o Estado deve de ser um financiador e também um regulador. Este estudo será apresentado durante uma conferência sobre Estado Social no contexto de crise, que durante dois dias junta no Instituto Superior de Economia e Gestão dezenas de académicos de mais de uma dúzia de países.