Um estudo que está a ser desenvolvido pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra – revelado esta semana – conclui que a fraude académica no ensino superior, em Portugal, é maior nos estudantes do sexo masculino
Um estudo que está a ser desenvolvido pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra – revelado esta semana – conclui que a fraude académica no ensino superior, em Portugal, é maior nos estudantes do sexo masculino a qualidade do ensino em Portugal, na sua generalidade, parece deixar bastante a desejar, segundo a opinião de reputados académicos ligados ao ensino no nosso país.como se isso não bastasse, os formandos em estabelecimentos de ensino superior ainda torpedeiam as regras estabelecidas, copiando. E pelo que se depreende isso acontece a vários níveis, mesmo em instituições onde tal não deveria acontecer.

Estamos recordados de um incidente que ocorreu em junho de 2011 num teste do curso de auditores de Justiça do Centro de Estudos Judiciários e que levou à anulação do mesmo. Referimo-nos a um teste de Investigação Criminal e Gestão do Inquérito feito a alunos que mais tarde iriam abraçar a carreira de magistrados judiciais do Ministério Público para os tribunais judiciais e para os tribunais administrativos e fiscais. Um exemplo muito negativo numa classe que dispõe de poder e muita responsabilidade, e que deveria atuar como tal.

agora este trabalho, coordenado pelo investigador Filipe almeida, visou analisar a atitude e a opinião de alunos e professores perante situações de fraude académica no ensino superior, de modo a identificar culturas de fraude, padrões de tolerância à fraude, frequência com que é praticada e os motivos e os inibidores da transgressão.

Sobre a prática de fraude, 73% dos inquiridos admitem que apresentariam o mesmo trabalho em diferentes disciplinas, enquanto 65,3% assumem que forneceriam respostas a um colega no exame.

a fraude académica do aluno do ensino superior tem, em si mesma, uma implicação moral delimitada pela honestidade perante a instituição, pela lealdade perante os colegas, pela transparência perante os professores e pela dignidade individual perante si próprio, dizem os investigadores responsáveis pelo estudo em que pretenderam avaliar a conduta do aluno e a sua perceção sobre os limites da moralidade no meio académico.

Este estudo da Uiversidade de Coimbra (UC) infere que esta prática de fraude académica também é cometida com mais frequência por alunos com menor média e cujos pais têm maior grau de escolaridade e o agregado familiar rendimentos mais elevados, conclui a mesma investigação, que envolveu uma amostra de 7. 292 alunos de licenciatura ou mestrado integrado, refere a nota da UC.

a formação universitária pode desempenhar um papel decisivo na consolidação de um sistema de valores morais alinhado com um padrão ético exigente, mas também pode estimular condutas vulneráveis à transgressão e à ação imoral, salientam os investigadores. Este estudo revela-se, por isso, essencial para compreender o papel da educação formal na estruturação de uma ética pessoal enquanto fator que antecede e influencia a conduta moral no contexto profissional futuro, alertam os seus autores.

Quando tanto se fala na qualidade desta geração estudantil, efetivamente com oportunidades massificadas de formação académica – basta olhar para os números de licenciados que saem anualmente – verifica-se que a quantidade não corresponde à qualidade. Se é verdade que a maior parte dos cursos ministrados pelas nossas universidades estão de costas voltadas para o mercado do trabalho, não é menos verdade que parte dos beneficiados não se esforça por obter uma formação adequada e responsável.

Para uma boa formação, e consequente capacidade profissional, é necessário esforço, mas sobretudo um trabalho sério onde não cabe o copianço que campeia em muitas escolas, universidades e institutos. Os mais idosos diziam noutros tempos que trabalhar faz calos, será que estudar também faz? Ou será apenas o deixa andar, que precisamos de gozar a vida?